São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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CURITIBA

Depois de entrar em atrito com marqueteiro, Vanhoni e seu grupo passaram a interferir mais nas decisões sobre a campanha

Desvantagem faz petista isolar Duda Mendonça

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A campanha a prefeito do petista Ângelo Vanhoni voltou às ruas de Curitiba e aos programas de mídia eletrônica na semana que passou com mudança no símbolo -o primeiro indício de que Duda Mendonça e equipe não decidem sozinhos o marketing do candidato do PT no segundo turno.
A tradicional estrela vermelha de cinco pontas do PT foi substituída por uma de cor amarela, em terceira dimensão, com o desenho de uma careta sorridente. A estrela amarela nada mais é que o símbolo resgatado das campanhas a prefeito que Vanhoni disputou em 1996 e 2000. De novo, só uns contornos e a grife "PT", que Duda acrescentou no centro, quase imperceptível.
O coordenador de imprensa da campanha petista, Gilmar Piolla, diz que o resgate do símbolo antigo "foi um pedido do próprio Vanhoni". Afora o desejo do candidato, "a estrela amarela tem empatia com o eleitor e agrada às crianças, que já disputam o adesivo para espalhar na roupa", afirma o coordenador.
Ele, porém, nega que o resgate seja uma tentativa de atenuar o vínculo de Vanhoni com o PT e diz que a troca "foi bem aceita" por Duda Mendonça.

Crise
Contados os votos do primeiro turno, Beto Richa (PSDB) chegou quatro pontos percentuais à frente de Vanhoni, e o petista não saiu de onde largou (fez 31,18%). Duda entrou em choque com a cúpula da campanha petista, que responsabilizava o marqueteiro pelo desempenho considerado decepcionante. A crise chegou a ponto de o marqueteiro mandar a equipe embarcar em um vôo de volta a São Paulo.
Duda reclamava de atraso de pagamento do PT nacional e a coordenação de Vanhoni -a começar pelo governador Roberto Requião (PMDB), que apóia o petista- criticava o marqueteiro por ele não ter captado "a alma curitibana" nos programas de mídia eletrônica.
Uma negociação com a cúpula nacional do PT manteve Duda nas principais campanhas de petistas no segundo turno, mas, no caso de Curitiba, ficou acertado com Vanhoni que haveria interferência local na decisão sobre a nova propaganda. É o que se vê desde a última quinta-feira, quando o candidato e seus principais cabos eleitorais desfilaram com a estrela amarela no peito no evento de adesão do candidato do PL no primeiro turno, Mauro Moraes, à candidatura petista.
O primeiro passo foi a adesão dos publicitários Ricardo Correa e Antonio Sérgio Cescatto -marqueteiros de Vanhoni em 96 e 2000- ao grupo de criação. Em 2000, Vanhoni perdeu por uma pequena diferença de votos (cerca de 26 mil) do atual prefeito Cássio Taniguchi (PFL).
Duda também reforçou seu pessoal, chamando Raimundo Luedy -que conduziu a campanha vencedora de João Paulo, em Recife- para auxiliar Dante Matiussi, que chefia a equipe de Duda em Curitiba.
A participação do "espírito curitibano" na criação de Duda não se limita ao símbolo. O slogan "Tá na hora, Curitiba" deu lugar ao novo "Mudança com segurança" -sugestão da ala do PMDB. Os "nativos" ainda cunharam a frase "Sou Curitiba, sou Vanhoni", como mote alternativo de adesivos.

Richa não muda
Na campanha adversária, pouco mudou, exceto no comando do marketing. Cila Schulmann, que fez a campanha de Vanessa Grazziotin (PC do B), em Manaus, substituiu Hiran Pessoa de Melo, da Planeta Político.
As peças publicitárias de Richa continuam as mesmas do primeiro turno, apenas com a alteração do slogan "O prefeito da gente" para "O prefeito perto de você". O argumento para manter a propaganda como está é a máxima do futebol de que não se mexe em time que está ganhando.


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