São Paulo, domingo, 17 de novembro de 2002

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PARTIDO

Arrecadação aumenta com repasse maior do fundo partidário e cobrança de dízimo dos congressistas e funcionários

Receita do PT pode crescer até 75% em 2003

FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O PT prevê para 2003 uma explosão em seu orçamento e o incremento na estrutura partidária, como consequências diretas da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva e do bom desempenho para o Congresso Nacional e para as Assembléias Legislativas.
Estimativas preliminares feitas pela direção do partido dão conta de um aumento de até 75% na receita do diretório nacional, que saltaria dos atuais R$ 20 milhões anuais para algo em torno de R$ 35 milhões.
"Teremos estrutura digna de partido mais importante do Brasil, o partido do governo", diz o secretário de Finanças petista, Delúbio Soares.
O crescimento petista é alimentado por duas fontes. Em primeiro lugar, pelo fundo partidário, verba do Orçamento destinada aos partidos, distribuída proporcionalmente ao desempenho na eleição parlamentar.
A expectativa inicial é que a fatia petista suba pelo menos 50%, passando de R$ 13 milhões para próximo de R$ 20 milhões em 2003, já que o PT elevou sua bancada federal de 59 deputados federais eleitos em 1998 para 91 agora. No Senado, a bancada subiu de 8 para 14 petistas.
Além disso, o PT lucra em razão da peculiar instituição do "dízimo", pela qual pessoas detentoras de mandato e assessores em cargos de confiança filiados repassam ao partido um percentual do salário, que pode chegar a 30% do rendimento.
Cada novo deputado federal, estadual ou senador, além de repassar parte de seu próprio salário, empregará em seu gabinete assessores que terão de fazer o mesmo, caso sejam filiados.

Injeção de recursos
A própria vitória de Lula significará uma injeção de recursos. Calcula-se que haja pelo menos 2.000 cargos comissionados na administração federal, que em grande parte deverão ser ocupados por petistas. Argumentando que o orçamento crescerá, petistas já pressionam por uma redução do chamado "dízimo".
Soares afirma que o aumento na receita não significará que o partido, que passou grande parte de sua história em "economia de guerra", terá uma vida fácil daqui para a frente.
"A receita aumenta, mas os gastos explodem também. Estamos em um outro patamar", diz o secretário de Finanças petista.
A discussão sobre a nova estrutura partidária começará já na reunião do diretório nacional petista, marcada para os dias 23 e 24 de novembro.
Funcionários deverão ser contratados, especialmente para funções de assessoria técnica.
Não está descartada ainda a mudança da sede nacional do partido, um apertado prédio localizado na região central de São Paulo, perto da praça da Sé. O prédio estaria ficando pequeno para partido.

Comunicação
Um dos setores que deverão sofrer maior incremento é o de comunicação. Durante grande parte de sua história, o PT relegou a área a segundo plano, mas houve uma radical mudança com a contratação do publicitário baiano Duda Mendonça, realizada há um ano e meio.
Duda deverá ser mantido como responsável pelo marketing petista em 2003. Na última terça-feira, houve uma primeira reunião do PT com ele para tratar da renovação do contrato do marqueteiro.
"A comunicação partidária vai se fortalecer. Está em estudo a ampliação do quadro de funcionários e a criação de novos produtos, principalmente na área de TV", afirma Ozéas Duarte, secretário de Comunicação do partido.
Uma das prioridades será o investimento em estrutura técnica para os Estados, para que os seus programas de TV destes tenham uma qualidade semelhante à do nacional.



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