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São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2003

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Diretor suspende homenagem a suspeito

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, endureceu o discurso ontem contra os policiais suspeitos de crimes. Para dar exemplo, suspendeu a homenagem ao delegado aposentado Luis Carlos Zubcov. "Se há suspeita, [Zubcov] já não se faz mais merecedor da homenagem", afirmou.
Lacerda compareceu ao evento de comemoração dos 39 anos do Departamento de Polícia Federal, no Parque da Cidade, em Brasília. Questionado por jornalistas sobre o envolvimento de policiais na Operação Anaconda, disse que é preciso cautela sobre esse caso.
Ao todo, três federais -um agente e dois delegados, sendo um aposentado- estão presos em São Paulo sob acusação de envolvimento com uma suposta quadrilha especializada na venda de decisões judiciais. Há, porém, outros delegados, como Zubcov, flagrados em escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça.
Segundo Lacerda, os três policiais presos -César Herman Rodrigues, José Augusto Bellini e Jorge Luiz Bezerra da Silva- fazem parte dos quadros da PF há muito tempo, o que permitiu grande contato deles com outros policiais. Daí a necessidade de avaliar cuidadosamente até onde ia a relação deles com colegas.
"Algumas vezes pode ser um relacionamento que não envolve nenhum ato ilícito", assinalou.
Lacerda questionou o fato de algumas entidades de classe de policiais federais fazerem "proselitismo político". "Eles [os sindicalistas] têm um discurso velho, ultrapassado. O presidente da República [Luiz Inácio Lula da Silva] é um líder sindical, ensinou todo mundo como fazer direito, e esse pessoal não aprendeu."
Como exemplo da oposição que recebe da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), Lacerda sugeriu que eles se preocupam mais com cargos. "Eu não tinha nenhum inimigo na polícia. Bastou ser indicado para diretor-geral que criou-se isso tudo."
Sobre as críticas recebidas nas operações Planador (RJ), Sucuri (PR) e na própria Anaconda, relativas à prisão de policiais supostamente corruptos, ele afirmou que os sindicalistas "se mostram contra todas as prisões de policial". "Em relação a bandido não há como querer ser solidário", disse.


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