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CAMPO MINADO
Governo afirma que, em 2006, já beneficiou 108 mil famílias, principalmente nos Estados da Amazônia Legal
União diz que cumpre meta de assentamentos
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério do Desenvolvimento Agrário anunciou que 108
mil famílias de trabalhadores rurais sem terra já foram assentadas
neste ano, o que aproxima o governo de cumprir, pela primeira
vez, uma meta anual da reforma
agrária. A promessa é assentar 115
mil famílias até 31 de dezembro.
Apesar de comemorar o feito, o
governo sabe que terá dificuldades em 2006. Isso porque, das famílias atendidas em 2005, apenas
10 mil delas são ligadas ao MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra), que promete
ampliar os conflitos no campo e,
com isso, "infernizar" a vida do
governo em ano eleitoral.
A falta de privilégio ao MST
ocorre mais por motivos econômicos que políticos. Assim como
no governo Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002), a gestão petista tem recorrido a assentamentos no Norte, onde o movimento
possui base tímida de atuação,
mas as terras são mais baratas e há
terras públicas à disposição.
Com isso, famílias de outras entidades têm sido beneficiadas à
frente do MST. Pelo menos metade das famílias atendidas em 2005
estão nos nove Estados da Amazônia Legal (os do Norte, além de
Maranhão e Mato Grosso).
Segundo Miguel Rossetto, ministro do Desenvolvimento Agrário, o fato de o Planalto manter na
gaveta uma portaria que atualiza
os índices de produtividade para a
desapropriação de terras impede
o avanço dos assentamentos no
Sul e Sudeste, principalmente.
A atualização está parada por
pressão do Ministério da Agricultura, que aponta a portaria -se
fosse oficializada pelo governo-
como mais um revés aos fazendeiros num ano marcado pela seca em diferentes pontos do país.
"Sem a atualização dos índices é
muito difícil a arrecadação de terras no Sul e no Sudeste. A ausência de um índice atualizado está
premiando a propriedade que
não cumpre a função social, isso é
grave", afirmou Rossetto, que
promete uma definição "a curto
prazo" sobre o assunto.
O ministro admite a falta com o
MST, mas diz que não há como
privilegiar um ou outro movimento. "A reforma agrária é uma
política pública. Há critérios de
assentamentos que são respeitados, portanto as famílias não organizadas e demais movimentos
são portadores de direitos iguais."
Outra pressão ao governo em
2006 virá da dificuldade para
cumprir integralmente a meta do
PNRA (Plano Nacional de Reforma Agrária), lançado pelo presidente Lula em novembro de 2003
e que prevê o assentamento de
400 mil famílias até o fim de 2006.
Até agora Lula, eleito com a promessa de realizar uma reforma
maciça, não conseguiu cumprir
nenhuma meta de assentamentos. Em 2003, prometeu assentar
60 mil famílias, mas só 36,8 mil foram atendidas. Em 2004, 81,2 mil
famílias foram assentadas, ante
uma meta de 115 mil até dezembro. Caso assente 115 mil neste
ano, marca que supera o recorde
de 101 mil famílias de 1998, restará
uma meta de 167 mil para 2006.
"Os números [de 2005] são
bons e entramos em 2006 com capacidade para melhorar ainda
mais o nosso trabalho. Em 2006,
vamos cumprir as metas do
PNRA, pois temos em vista a contratação de 1.300 novos servidores
do Incra no primeiro trimestre,
além da atualização dos índices de
produtividade", disse Rossetto.
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