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OUTRO LADO
Agente não é o autor, diz advogado
DA REPORTAGEM LOCAL
Hermínio Alberto Marques
Porto Jr., advogado de César Herman Rodriguez, diz que as sentenças que aparecem como autoria de seu cliente estavam armazenadas na memória de um computador que o agente da Polícia Federal comprou do juiz João Carlos
da Rocha Mattos.
"O César aproveitou essa memória para ter um arquivo de literatura jurídica. Ele guardava os
textos para fins de cultura jurídica", diz Porto Jr.
Ele afirma que o funcionário da
PF jamais escreveu sentenças para o juiz federal.
Segundo o advogado, nessa espécie de biblioteca eletrônica havia até pareceres de Ana Lúcia
Amaral, procuradora sempre crítica às decisões de Rocha Mattos.
Nos arquivos de Rodriguez, segundo seu advogado, havia também uma decisão da vara federal
da época em que a desembargadora Therezinha Cazerta atuava
como juíza em Santos, no litoral
paulista. Foi Cazerta quem determinou a prisão de Rodriguez e
mais oito pessoas em outubro e
novembro do ano passado.
O advogado diz que seu cliente
adquiriu o computador em 1996
(mesmo ano em que as sentenças
em que o nome "Cesar" aparece
como autor foram proferidas por
Rocha Mattos). Ele transferiu o
conteúdo do disco rígido para outra máquina, segundo Porto Jr., e
doou o micro para um segurança
do fórum criminal.
A juíza federal Adriana Pileggi
de Soveral diz que não há nada de
errado no fato de uma ação por
danos morais que moveu contra
procuradoras da República ter sido encontrada na memória de um
computador do escritório de Affonso Passarelli Filho.
"Eu dei cópias dessa inicial para
o doutor João Carlos, para o doutor Casem [Mazloum]. Sempre tive uma relação cordial com o
doutor João Carlos porque éramos vizinhos de gabinete, mas isso não quer dizer que eu participasse de supostos esquemas",
afirma.
Segundo a juíza, "muito provavelmente" foi Rocha Mattos
quem entregou uma cópia da
ação para o agente da PF.
"O César pode ter cópias de todos os despachos meus. São documentos públicos. E, se eu tivesse dado para ele, não teria nada
demais porque não havia segredo
de Justiça", diz.
Soveral afirma que não faz sentido a acusação de que "João Carlos da Rocha Mattos utilizava
também a juíza Adriana Pileggi de
Soveral para atender seus interesses, a qual se envolveu na prática
de ilícitos, atuando como "longa
manus" de João Carlos da Rocha
Mattos", como está escrito no relatório final da Operação Anaconda elaborado pela Polícia Federal.
"Esse conceito é absolutamente
impreciso. Eu não sou subordinada, não sou nada dele", rebate a
juíza, referindo-se a Rocha Mattos. De acordo com ela, o relatório
da Polícia Federal "não tem nenhuma objetividade, não tem nada de concreto".
Adriano Vanni, advogado de
Casem Mazloum, afirma que a
existência de arquivos no computador de Rodriguez com formulários de passaporte para três filhos
do juiz "não querem dizer nada".
"O César fazia essa gentileza de
tirar passaporte para familiares de
magistrados. Isso é muito comum", diz o defensor.
O agente da PF, segundo Vanni,
confirmou em seu depoimento
aos desembargadores na última
semana que fazia favores como
esse aos juízes do fórum criminal.
O advogado afirma não saber
por que o arquivo foi apagado do
computador : "Se o César quiser
esconder esse fato, ele não teria
confirmado a informação no depoimento".
Carla Domenico, que atua na
defesa de Rocha Mattos com Alberto Toron, disse que seu cliente
não iria comentar a questão dos
arquivos porque vai depor na terça-feira. Seria "deselegante", segundo ela, antecipar o teor da defesa porque o processo corre em
segredo de Justiça.
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