São Paulo, quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS PROVAS

Marcus Valerius, que trabalhava para a Skymaster, foi libertado horas depois

Acusado de desacatar CPI, advogado é preso ao depor

Alan Marques/Folha Imagem
O advogado Marcus Valerius é preso durante seu depoimento a uma comissão da CPI dos Correios


LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

O Congresso realizou a primeira prisão desde o início da crise política. O advogado Marcus Valerius Pinto Pinheiro de Macedo, 42, foi preso em flagrante ontem durante depoimento à CPI dos Correios, acusado de desacato. Ele foi liberado horas depois.
Ironicamente, um dos principais personagens da crise, o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, é quase um homônimo do advogado preso e tem características físicas semelhantes. A CPI dos Correios já pediu ao Ministério Público Federal a prisão de Valério, mas o pedido foi rejeitado.
A decisão de solicitar a detenção do advogado -que trabalhou dois anos para a Skymaster, prestadora de serviço de correio aéreo para os Correios -foi tomada pelos integrantes da CPI quase ao fim do seu depoimento.
Inconformado com algumas respostas dadas pelo advogado, o deputado Geraldo Thadeu (PPS-MG) pediu que os sigilos telefônicos da irmã e da mulher de Valerius fossem quebrados. "Se o senhor quiser, pode quebrar (os sigilos) de minha mãe, eu até dou o seu CPF e identidade", disse o advogado. A resposta foi considera um desacato pelos deputados.
Em seguida, os depoimentos foram suspensos para que os integrantes da CPI analisassem o pedido de prisão preventiva. Depois de 40 minutos, o sub-relator José Eduardo Cardozo (PT-SP) disse que o advogado desrespeitou "o Congresso e o povo brasileiro".
O presidente da CPI, Delcídio Amaral (PT-MS), que não estava presente ao depoimento, chegou para anunciar a prisão. O advogado foi conduzido pela Polícia do Legislativo até um carro que o transportou para a Superintendência da PF, em Brasília.
Ao chegar ao local, Marcus Valerius disse que foi "humilhado". "Apenas havia sugerido que fosse quebrado o sigilo da minha mãe." Por volta das 21h30, ele foi liberado e dispensado de pagamento de fiança.
À CPI o advogado contou que pagava R$ 50 para o segurança Francisco Marques Carioca, 42, efetuar saques para João Marcos Pozzeti, diretor da Skymaster. Em dois anos, segundo a CPI dos Correios, foram sacados R$ 1.036.828,40.


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