|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Intenção é criticada por analistas
DA REDAÇÃO
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Parlamentares, organizações de
imprensa e advogados acreditam
que a intenção do governo Lula de
alterar a lei sobre escutas telefônicas, incluindo um artigo que possibilita a punição de jornalistas
que as divulguem, atrapalha a liberdade de imprensa. Especialistas ponderam, porém, que ao divulgar grampos, a imprensa pode
estar violando outro direito fundamental, o direito à privacidade,
além do segredo de Justiça.
Sérgio Murillo de Andrade, presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), classificou
a proposta de "autoritária". "Se o
grampo foi autorizado judicialmente, se é uma informação pública, os cidadãos têm o direito de
saber seu conteúdo." Procurada
pela Folha, a ANJ (Associação
Nacional dos Jornais) disse que só
irá se manifestar quando o projeto for enviado ao Congresso.
Para o senador Efraim Morais
(PFL-PB), "uma proposta dessa
natureza nada mais é do que a
tentativa de cercear o direito de liberdade de imprensa".
O senador Eduardo Siqueira
Campos (PSDB-TO) também criticou o projeto. "Se a conversa telefônica envolve pessoas que têm
responsabilidade pública, não há
por que não divulgá-la", afirmou.
Para Edson Vidigal, presidente
do Superior Tribunal de Justiça, a
solução é buscar quem repassou
as informações sob sigilo para jornalistas, mas nunca criminalizar
os meios de comunicação. Essa é a
mesma visão do presidente da
OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), Roberto Busato, que pondera: "Porém aí se cria o problema da inviolabilidade da fonte".
Na opinião do presidente da
AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Rodrigo Collaço,
o direito à intimidade, garantido
pela Constituição, é inviolável.
"Grampos são parte da elaboração de provas em um processo,
não são objeto de divulgação."
Para o especialista em direito
constitucional Celso Antonio
Bandeira de Mello, "os prejuízos
que a imprensa pode causar ao divulgar uma escuta telefônica de
um processo em andamento são
irreparáveis".
Fábio Kujawski, outro especialista, diz que a possibilidade de
punição deve ser ponderada caso
a caso. Se o entendimento for de
que, ao divulgar um grampo, o
jornalista atende o interesse público, não é cabível a punição.
Texto Anterior: Memória: Frase de FHC em grampo fez PT pedir impeachment em 99 Próximo Texto: Thomaz Bastos foi o idealizador do projeto Índice
|