São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

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Polícia apura ligação da Abin com fita do aeroporto

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Investigações preliminares da Polícia Federal indicam a participação de membros da Abin (Agência Brasileira de Investigação), subordinada à Presidência da República, e da Polícia Civil de Brasília na filmagem de um encontro do ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz com o empresário do bingo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, no aeroporto de Brasília, em 2002.
As duas instituições mantêm agentes no aeroporto, trabalhando em conjunto com a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), acompanhando o monitoramento de imagens dos passageiros.
A Abin informou, por meio de nota, "que não se pronuncia sobre atividades de inteligência". A Polícia Civil do DF negou envolvimento e disse, por meio de sua assessoria, que "não tem tradição de arapongagem".
O objetivo da PF é rastrear o caminho do vídeo, divulgado na semana passada em conjunto com outra gravação, na qual Waldomiro pede propina a Cachoeira e doações para campanhas eleitorais. Na época dos vídeos, Waldomiro era presidente da Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro).
A PF ainda não conseguiu responder quem solicitou e manuseou a fita da vigilância do aeroporto, antes de ela vir a público.
O material encontrado na casa de Waldomiro em Brasília foi catalogado ontem pela Polícia Federal. Foram apreendidos cinco aparelhos celulares, 11 fitas cassete, um computador, disquetes, cinco fitas VHS, seis agendas telefônicas, um gravador digital, declarações de Imposto de Renda, extratos bancários e manuscritos.
Na residência de Messias Ribeiro Neto, também alvo de buscas, os policiais apreenderam notas fiscais, extratos de Imposto de Renda, cartuchos não deflagrados de calibre 765, três fitas VHS, uma pasta intitulada "Projeto de Gestão" e oito disquetes nomeados como "Estrutura de dados do setor operacional". Em depoimento ao Ministério Público, Neto afirmou ter sido sócio de Cachoeira.
O delegado responsável pelas buscas enviou ao juiz Wladimir Santos Vitozskiy, da 16ª Vara Federal do Rio, questionamento sobre se os documentos devem ser periciados em Brasília ou ser enviados para o Rio.
As buscas foram pedidas no sábado pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro como parte de uma investigação sobre lavagem de dinheiro.
A Polícia Federal recebeu o mandado no fim da tarde de domingo e o cumpriu na segunda-feira. O delegado da Polícia Federal Antonio Augusto Cesar Nunes disse que não houve demora na realização das buscas.


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