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SOMBRA NO PLANALTO
Senadores petistas sugerem que investigação do caso Waldomiro também inclua campanhas anteriores; PMDB e oposição reagem
PT fala em ampliar CPI e gera crise na base
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os senadores do PT sugeriram
ontem uma investigação ampla
de suspeitas de contribuições ilegais de campanha no governo
passado e acabaram provocando
uma crise na base aliada.
O objetivo dos senadores do PT
era tentar acuar a oposição e impedir a instalação de uma CPI no
Congresso para investigar a suposta cobrança de propina pelo
ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz. A idéia, porém, causou
reações contrárias e críticas dos
partidos aliados e da oposição.
Os presidentes do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), e da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP), criticaram a proposta. Até dentro do
Planalto ela foi mal recebida.
Em reunião da bancada petista
no Senado, ontem de manhã, os
13 senadores apoiaram a decisão
de uma CPI ampla. O partido ressalta, no entanto, que não tomará
a iniciativa de pedir a instalação
da CPI "ampla, geral e irrestrita".
Ela só ocorrerá se a comissão para
investigar o caso Waldomiro Diniz for inevitável. Nesse caso, a
CPI não trataria só desse tema.
A decisão do PT desagradou até
ao seu principal aliado, o PMDB,
que possui a maior bancada na
Casa, com 23 senadores. A avaliação do PMDB é que a estratégia
petista está errada e só tumultuará mais o Congresso.
O PSDB, responsável por colher
as assinaturas de apoio à comissão parlamentar de inquérito, e
setores do PFL que apóiam as investigações dizem que concordam com uma CPI mais ampla,
desde que sejam criadas duas:
uma do caso Waldomiro e outra
para tratar de casos anteriores.
"Se vamos olhar para trás, para
esse episódio de 2002, vamos
olhar com coragem e investigar
tudo. Se vamos voltar dois anos,
que voltemos oito", disse o líder
do governo no Senado, Aloizio
Mercadante (PT-SP), referindo-se aos oito anos da gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
"Há R$ 10 milhões de uma planilha da campanha do Fernando
Henrique que não foram explicados, há indício de um caixa dois
do [José] Serra de R$ 24 milhões.
Vamos investigar o Ricardo Sérgio [ex-diretor do Banco do Brasil
ligado a Serra], o Luiz Carlos
Mendonça de Barros, a privatização das teles", disse ele.
Questionado se na lista também
entraria o caso Lunus, de financiamento da campanha presidencial de Roseana Sarney (PFL-MA), aliada do Palácio do Planalto, Mercadante disse que sim.
Tiro no pé
Em um primeiro momento, a
estratégia petista serviu para unificar a oposição pela abertura da
CPI. "Isso atiça porque fica com
cara de ameaça, de metralhadora
giratória. Leva as pessoas a assinar o requerimento porque, se
você fez parte do governo passado
e não assinar, parece que tem medo de ser investigado", afirmou o
senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que é aliado do governo, mas
assinou o pedido de CPI.
"Agora é que eu assino mesmo.
Assino uma CPI restrita, uma CPI
ampla, qualquer CPI, porque eles
[petistas] querem nos acuar e não
vão conseguir. Querem insinuar
que aqui [Senado] só tem lama e
não admitimos isso", disse o líder
do PFL, José Agripino Maia (RN).
Procurado em seu gabinete no
meio da tarde por Mercadante,
Agripino reagiu dizendo a ele que
o partido governista estava
"cooptando" os senadores e que
isso teria um efeito bumerangue.
"Ao dizer que querem investigar tudo, querem que nada seja
investigado. Estão dizendo que
tem uma quadrilha aqui, mas tem
outra ali", disse o senador Antero
Paes de Barros (PSDB-MT), que
está recolhendo as assinaturas.
Além do requerimento da CPI
do caso Waldomiro, Paes de Barros começou a circular ontem um
pedido para a instalação da CPI
ampla para desmontar o argumento do governo. A senadora
Heloísa Helena (sem partido-AL)
assinou os dois dizendo que
"quem é podre que se quebre".
O PSDB alega que já tem 25 das
27 assinaturas necessárias para
investigar o caso Waldomiro. O
PDT, que possui cinco senadores,
fechou questão de apoio à CPI.
No início da noite, Mercadante
recuou um pouco na tribuna da
Casa. "Faço um apelo. Pedimos
um voto de confiança para a Polícia Federal investigar o caso, para
o Ministério Público fiscalizar."
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