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TSE confirma a cassação do governador da Paraíba
Decisão tem efeito imediato e também afasta vice, mas defesa tentará recurso no STF
Por 5 votos contra e 2 a favor, ministros refutam pedido de Cunha Lima para novas eleições; José Maranhão, 2º colocado em 2006, assumirá
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Por unanimidade, o TSE
(Tribunal Superior Eleitoral)
confirmou ontem a cassação do
governador da Paraíba, Cássio
Cunha Lima (PSDB), e de seu
vice, José Lacerda Neto
(DEM), ao rejeitar os recursos
da defesa por entender haver
provas suficientes de que o tucano cometeu abuso do poder
econômico e político ao usar a
máquina do Estado para se reeleger, em 2006.
Por cinco votos contrários e
dois favoráveis, o TSE refutou
também o pedido de Cunha Lima e seus correligionários para
que, se confirmada a cassação,
fossem convocadas novas eleições. Pela decisão do tribunal,
deverá assumir o governo do
Estado o segundo colocado nas
eleições daquele ano, o senador
José Maranhão (PMDB).
Segundo o presidente do tribunal, ministro Carlos Ayres
Britto, a decisão tem efeito
imediato e, ainda ontem à noite, seria informada ao Tribunal
Regional Eleitoral e à Assembleia da Paraíba, que definirá a
data da posse de Maranhão.
"Não basta vencer uma eleição, é preciso ganhá-la limpamente", afirmou Ayres Britto.
Tão logo anunciado o resultado, o advogado do vice Peçanha Martins apresentou um
mandado de segurança ao presidente do TSE no qual pede
que o julgamento só tenha efeito depois que houver a publicação, no "Diário de Justiça", do
julgamento dos ministros.
"A decisão [dos ministros] de
executar imediatamente [a cassação] fere o princípio basilar
da coisa julgada, [que se confirma pela publicação do que foi
decidido]", disse Martins.
Os advogados de Cunha Lima
e Lacerda também pretendem
solicitar ao Supremo Tribunal
Federal a concessão de medida
liminar para que a dupla continue no cargo até que um eventual recurso extraordinário
contra o que foi decidido pelo
TSE seja apreciado pela corte.
O tucano foi o terceiro governador cassado pelo TSE. Os
dois primeiros foram o hoje senador Mão Santa (PMDB-PI),
que governava o Piauí, e Flamarion Portela, de Roraima.
Cunha Lima se mantinha no
cargo por força de decisões liminares desde julho de 2007,
quando teve seu mandato cassado pelo TRE da Paraíba.
A confirmação da cassação
ocorreu em novembro de 2008,
quando o tucano conseguiu do
TSE a aprovação para continuar como governador até que
seus recursos fossem julgados.
A sessão começou com a leitura do voto do ministro Arnaldo Versiani, que em dezembro
pediu vistas do processo. Na
ocasião, dois ministros, Eros
Grau, relator, e Joaquim Barbosa votaram pela rejeição dos
recursos de Cunha Lima.
Ao contrário do que alegavam os advogados de defesa do
tucano, seu vice e respectivos
partidos, Versiani entendeu
que ficou comprovado no processo o abuso de poder econômico e político, com uso da máquina, em benefício da reeleição de Cunha Lima em 2006.
Da mesma forma que o relator, Versiani avaliou que o governador se beneficiou da distribuição de cheques feita por
um programa gerenciado pela
Fundação Ação Comunitária.
O programa distribuiu 35 mil
cheques, num total de R$ 3,5
milhões em 2006. Versiani
concluiu que houve entrega dos
benefícios no período vedado
pela Lei Eleitoral -a partir de
julho do ano eleitoral.
O presidente da Assembleia,
Arthur da Cunha Lima (PSDB),
que é primo do governador cassado, deverá causar dificuldades até para dar posse a José
Maranhão. Anteontem, o deputado Arthur da Cunha Lima
disse a Folha que não haveria
mais expediente na Casa Legislativa nesta semana.
"Na quarta haverá uma festa
de Carnaval na cidade. Na
quinta, teremos de limpar os
dutos do ar condicionado. Na
sexta, a Casa não funciona."
Colaborou ADRIANO CEOLIN, da Sucursal de Brasília
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