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ORÇAMENTO
Reforma incluirá desvinculação maior de receitas sociais da União
Gastos obrigatórios serão contidos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pacote de reformas que Lula
levará ao Congresso incluirá a
proposta de liberar uma parcela
ainda maior dos gastos federais
de despesas obrigatórias em educação, saúde e seguridade social,
por exemplo.
Além de prorrogar o mecanismo que vem sendo reeditado desde 1994, a idéia é ampliar o percentual de desvinculação de receitas de 20% para 25%.
Se a proposta for aprovada, Lula
terá uma parcela correspondente
a mais de R$ 80 bilhões do que a
União arrecada em impostos e
contribuições livres de compromissos como investir 18% da receita federal em educação.
Segundo estudo do Ministério
do Planejamento, cerca de um
terço das receitas com impostos
está vinculada às despesas sociais.
Metade de tudo o que a União arrecada está atrelada a determinado tipo de gasto.
Outra novidade é que o mecanismo de desvinculação poderá
ser estendido aos Estados, obrigados atualmente pela Constituição
a destinar 25% do que arrecadam
à educação, entre outras despesas
obrigatórias. Os governadores
também reclamam da excessiva
rigidez dos gastos públicos.
Há quase dez anos, o mecanismo que desvincula parte do Orçamento de gastos obrigatórios funciona como um dos pilares do
ajuste fiscal. No governo FHC, esteve sob permanente crítica de petistas, chamado até de "confisco".
Criado inicialmente com o nome de Fundo Social de Emergência, passou a se chamar Fundo de
Estabilização Fiscal antes de chegar à última versão, batizada de
DRU (Desvinculação de Receitas
da União), que poupou as transferências de recursos federais a Estados e a municípios. Ela só tem
autorização constitucional para
vigorar até dezembro deste ano.
Nas negociações com o FMI antes da posse de Lula, ficou acertado que o novo governo prorrogaria o mecanismo de desvinculação de receitas, da mesma forma
que a cobrança da CPMF.
Sem combater a rigidez orçamentária, o governo dificilmente
chegará ao resultado fiscal prometido para 2004: uma economia
equivalente aos mesmos 4,25%
do PIB da meta deste ano, equivalentes, em 2003, a R$ 68 bilhões
para pagamento dos juros da dívida pública. "A resolução duradoura dos desequilíbrios fiscais
do país requer uma diminuição
da rigidez orçamentária", diz a
proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2004.
(MARTA SALOMON)
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