|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONSENSO MÍNIMO
Somente o TST defende que governo cobre de aposentado
STF e STJ são contrários à tributação de inativos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois que os governadores foram convencidos por Luiz Inácio
Lula da Silva a concordar com a
cobrança da contribuição previdenciária de servidores inativos,
os presidentes de dois tribunais
superiores -STF e STJ- criticaram a medida. Já o ministro Francisco Fausto, do TST (Tribunal
Superior do Trabalho), é favorável, mas ressalta que os trabalhadores não devem ser os únicos
"penalizados" com a reforma.
Para o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Marco Aurélio de Mello, a
contribuição previdenciária não
tem por objetivo "fazer caixa para
reduzir o déficit público", por isso
não faz sentido querer cobrá-la
dos aposentados.
"Por que eles vão contribuir se
já estão aposentados?", questionou o presidente do STF.
Contrário à cobrança dos inativos, Nilson Naves, presidente do
STJ (Superior Tribunal de Justiça), disse que, caso seja aprovada
a medida, será uma frustração.
"Servidores e empregados contribuem para a Previdência na esperança de que, quando aposentados, não contribuam mais."
Ressaltando que a reforma da
Previdência é importante, Naves
disse que a cobrança de inativos é
um dos pontos preocupantes da
proposta acertada entre Lula e os
governadores, anteontem.
Ações
O ministro Francisco Fausto
prevê que uma enxurrada de
ações deva recair sobre o Judiciário para contestar a tributação em
11% dos inativos por meio do debate em torno do direito adquirido. Ele afirmou, porém, que a tese
vai de encontro com a realidade
da Previdência brasileira.
"O direito adquirido não deve
ser tábua de salvação no momento em que se desenha o naufrágio
da Previdência. Se ela quebrar, todos nós naufragaremos, com ou
sem direitos adquiridos", afirmou ele, por meio de nota distribuída por sua assessoria.
Para Marco Aurélio, o "Judiciário é a última trincheira do cidadão", mas o STF "não será o vilão
das reformas".
Segundo ele, o tribunal terá
uma postura "equidistante", caso
o Congresso aprove a contribuição dos inativos conforme pretende o governo federal.
Marco Aurélio ressaltou que os
parlamentares não têm poderes
para modificar cláusulas pétreas
da Constituição, caso dos direitos
adquiridos. "O que vai prevalecer
é a ordem jurídica constitucional", disse o presidente do STF.
Para o ministro, as novas regras
da reforma deveriam se restringir
aos servidores que ainda não se
aposentaram: "Os aposentados
estão em casa, com uma situação
definida e a maioria vivendo de
parcos recursos, como é que vão
ter uma redução de 10% ou 11%
nos seus vencimentos?", questiona o presidente do STF.
Em 1999, a cobrança dos inativos foi derrubada pelo tribunal.
Os aliados de Lula alegam que, na
época, a mudança foi feita por
meio de projeto de lei. Agora, seria por emenda constitucional.
O objetivo do governo é que a
cobrança atinja os inativos que
ganham acima de R$ 1.058.
De acordo com o presidente do
TST, deveria haver contribuição
também das empresas.
"Até o governo federal está devendo à Previdência e essas dívidas não podem ser esquecidas",
disse o presidente do TST.
"Se esses débitos tivessem sido
pagos, tenho certeza de que a Previdência estaria em uma situação
muito boa e seria possível aliviar o
impacto sobre os trabalhadores",
afirmou Fausto.
Texto Anterior: Orçamento: Gastos obrigatórios serão contidos Próximo Texto: Lula fará ofensiva pessoal por reformas Índice
|