São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Presidente está preocupado e pede atenção com candidatura Serra em SP

Lula faz apelo para que Marta ceda a vice e se alie ao PMDB

GABRIELA ATHIAS
FERNANDA KRAKOVICS
ENVIADAS ESPECIAIS A GOIÂNIA (GO)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se ontem com a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), em Goiânia, e apelou para que ela reconsidere a possibilidade de entregar a vaga de vice ao PMDB em sua chapa e viabilize uma aliança com o partido na eleição paulistana. O petista Rui Falcão, anunciado por Marta para o posto, participou do encontro, que durou cerca de 40 minutos.
Lula conversou com Marta antes de se reunir com prefeitos de 21 capitais. O encontro não estava agendado e foi reservado. Apesar disso, assessores do presidente afirmaram que ele está muito "preocupado" com o fato de o PT lançar o que chamou de chapa pura em São Paulo, por destoar da política de alianças de sua gestão.
Lula teme o isolamento do partido em locais estratégicos nas próximas eleições. Exemplo: o PT não fez coligações em Fortaleza, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
O PT nacional também fez um levantamento indicando que o partido disputará sozinho as eleições em centenas de cidades, daí a preocupação do presidente com um eventual isolamento petista.
Segundo a Folha apurou, Lula está ao mesmo tempo preocupado e cauteloso. De um lado, não quer interferir diretamente na eleição paulistana. Tem dito que confia em Marta e na sua vitória. Entretanto, na semana passada, afirmou a assessores que a entrada de José Serra (PSDB), candidato derrotado na eleição presidencial de 2002, merece atenção.
Uma aliança com o PMDB aumentaria o tempo de TV do PT na corrida eleitoral em São Paulo. O grupo político de Marta avalia que ela "dificilmente" aceitaria um vice do PMDB, mas ressaltou que a prefeita conta com o apoio dos vereadores e de políticos dessa sigla que têm peso na capital.
A prefeita saiu da reunião afirmando ter esclarecido a Lula que o PT paulistano governa há três anos com alianças. "Colocamos ao presidente qual era a situação de fato em São Paulo, da ampla aliança que fizemos nesses três anos de governo com PL, PC do B e PMDB. Ele não tinha todas as informações e acredito que estamos no caminho certo", disse. Já Falcão deixou o encontro afirmando que o "presidente não interfere" nas alianças na capital paulista.
Apesar do esforço de Lula, a avaliação no Planalto também é que dificilmente Marta trocará seu vice. Em outra frente, o governo já teria garantido, pelo menos, que o presidente do PMDB, Michel Temer, manterá sua candidatura em São Paulo. Isso afasta o temor petista de uma aliança dele com Serra, o que aumentaria muito o tempo de TV do tucano.
Para o prefeito do Rio, César Maia (PFL), o governo Lula não fugirá de uma espécie de plebiscito na eleição municipal. "Nacionalizar a campanha atrapalha todo mundo, mas inevitavelmente o resultado será analisado do ponto de vista nacional. Evidentemente, em São Paulo, a vitória ou a derrota do PT terá um desdobramento nacional", disse, antes da reunião.
Segundo ele, não há como o governo não sentir o baque, se o PT perder as prefeituras que obteve em 2000. Maia afirma não esperar que Lula fique neutro. "O presidente tem partido, é natural que o defenda. Uma outra coisa é ele municipalizar a Presidência, mas estar com seus candidatos, aparecer com eles na TV, é legítimo."
Já o presidente da Frente Nacional de Prefeitos, Marcelo Déda (PT), que governa Aracaju (SE), disse que "toda oposição sempre busca nacionalizar a disputa".
Lula ainda se reuniu ontem com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e com o prefeito Pedro Wilson (PT), candidato à reeleição. Segundo assessores de Lula, a conversa abriu caminho para um eventual apoio de Perillo ao candidato petista em Goiânia.


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