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ELEIÇÕES 2004
Presidente está preocupado e pede atenção com candidatura Serra em SP
Lula faz apelo para que Marta ceda a vice e se alie ao PMDB
GABRIELA ATHIAS
FERNANDA KRAKOVICS
ENVIADAS ESPECIAIS A GOIÂNIA (GO)
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva reuniu-se ontem com a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy
(PT), em Goiânia, e apelou para
que ela reconsidere a possibilidade de entregar a vaga de vice ao
PMDB em sua chapa e viabilize
uma aliança com o partido na
eleição paulistana. O petista Rui
Falcão, anunciado por Marta para
o posto, participou do encontro,
que durou cerca de 40 minutos.
Lula conversou com Marta antes de se reunir com prefeitos de
21 capitais. O encontro não estava
agendado e foi reservado. Apesar
disso, assessores do presidente
afirmaram que ele está muito
"preocupado" com o fato de o PT
lançar o que chamou de chapa
pura em São Paulo, por destoar da
política de alianças de sua gestão.
Lula teme o isolamento do partido em locais estratégicos nas
próximas eleições. Exemplo: o PT
não fez coligações em Fortaleza,
Rio de Janeiro e Porto Alegre.
O PT nacional também fez um
levantamento indicando que o
partido disputará sozinho as eleições em centenas de cidades, daí a
preocupação do presidente com
um eventual isolamento petista.
Segundo a Folha apurou, Lula
está ao mesmo tempo preocupado e cauteloso. De um lado, não
quer interferir diretamente na
eleição paulistana. Tem dito que
confia em Marta e na sua vitória.
Entretanto, na semana passada,
afirmou a assessores que a entrada de José Serra (PSDB), candidato derrotado na eleição presidencial de 2002, merece atenção.
Uma aliança com o PMDB aumentaria o tempo de TV do PT na
corrida eleitoral em São Paulo. O
grupo político de Marta avalia
que ela "dificilmente" aceitaria
um vice do PMDB, mas ressaltou
que a prefeita conta com o apoio
dos vereadores e de políticos dessa sigla que têm peso na capital.
A prefeita saiu da reunião afirmando ter esclarecido a Lula que
o PT paulistano governa há três
anos com alianças. "Colocamos
ao presidente qual era a situação
de fato em São Paulo, da ampla
aliança que fizemos nesses três
anos de governo com PL, PC do B
e PMDB. Ele não tinha todas as informações e acredito que estamos
no caminho certo", disse. Já Falcão deixou o encontro afirmando
que o "presidente não interfere"
nas alianças na capital paulista.
Apesar do esforço de Lula, a
avaliação no Planalto também é
que dificilmente Marta trocará
seu vice. Em outra frente, o governo já teria garantido, pelo menos,
que o presidente do PMDB, Michel Temer, manterá sua candidatura em São Paulo. Isso afasta o temor petista de uma aliança dele
com Serra, o que aumentaria
muito o tempo de TV do tucano.
Para o prefeito do Rio, César
Maia (PFL), o governo Lula não
fugirá de uma espécie de plebiscito na eleição municipal. "Nacionalizar a campanha atrapalha todo mundo, mas inevitavelmente o
resultado será analisado do ponto
de vista nacional. Evidentemente,
em São Paulo, a vitória ou a derrota do PT terá um desdobramento
nacional", disse, antes da reunião.
Segundo ele, não há como o governo não sentir o baque, se o PT
perder as prefeituras que obteve
em 2000. Maia afirma não esperar
que Lula fique neutro. "O presidente tem partido, é natural que o
defenda. Uma outra coisa é ele
municipalizar a Presidência, mas
estar com seus candidatos, aparecer com eles na TV, é legítimo."
Já o presidente da Frente Nacional de Prefeitos, Marcelo Déda
(PT), que governa Aracaju (SE),
disse que "toda oposição sempre
busca nacionalizar a disputa".
Lula ainda se reuniu ontem com
o governador de Goiás, Marconi
Perillo (PSDB) e com o prefeito
Pedro Wilson (PT), candidato à
reeleição. Segundo assessores de
Lula, a conversa abriu caminho
para um eventual apoio de Perillo
ao candidato petista em Goiânia.
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