São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004

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Presidente diz que prefere "passinhos"

DAS ENVIADAS A GOIÂNIA (GO)

Ao falar sobre desemprego e crescimento econômico, ontem em Goiânia, Luiz Inácio Lula da Silva disse que, se quiserem "jogar" nele a culpa pelo desemprego, "podem jogar". Ao reafirmar os rumos da política econômica, disse que "um passinho aqui e um passinho ali" são mais sólidos do que um grande passo.
"Às vezes um passinho aqui e um passinho ali são mais sólidos do que um grande passo que te dá uma distensão muscular e você não consegue dar o segundo passo", disse Lula durante discurso na cerimônia de abertura da 45º reunião da Frente Nacional de Prefeitos, em Goiânia.
O presidente ressaltou que o desemprego é fruto de um modelo econômico arraigado no país. "Se quiserem jogar a culpa do desemprego no presidente da República podem jogar, mas é um problema estrutural do modelo que foi estabelecido nesse país há muitos e muitos anos e que a gente não vai mudar rapidamente".
O presidente seguiu em defesa de sua política econômica, que vem sendo criticada principalmente em razão da lentidão com que o governo reduz a taxa de juros básica da economia.
"É preciso que a gente tenha certeza de que o caminho que vamos percorrer é árduo, difícil, não tem solução mágica, não tem varinha de condão", disse Lula. Segundo ele, essa pode até ser uma maneira mais lenta de conquistar os objetivos, mas, é a mais segura.
"É mais demorado do que aquilo que todos nós queremos, mas temos que fazer isso de forma sólida, sem mágica, sem milagres."
Ao falar sobre passos seguros, Lula disse que governa adotando essa filosofia. "Nunca gostei de pagar prestação e sempre tive medo de ficar desempregado. O governo age do mesmo jeito: não darei nenhum passo que eu não tenha sustentação de que posso cumpri-lo. Vai ser mais demorado, mas quem demorou tanto para chegar à Presidência tem que ir sem pressa para não fazer as coisas de forma atabalhoada."
O presidente admitiu que governar dessa forma mais pausada é angustiante. "De vez em quando, fico ansioso e com a pressão acima da média nacional porque quero que as coisas aconteçam." Lula disse ainda que cobra resultados dos seus ministros "todo santo dia", mas que o limite para tudo -inclusive para atender a reivindicações- é "bom senso."
Bem-humorado, elogiou o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), com quem o PT, partido de Lula, tem planos de fazer coligação com vistas às próximas eleições municipais, em outubro.
"De vez em quando penso que estamos no mesmo partido", disse referindo-se a Perillo e a Ronaldo Lessa (PSB), governador de Alagoas. (GA E FK)

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