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RELAÇÕES PERIGOSAS
Presidente do STF diz que órgão de controle externo analisará a parceria entre empresas e tribunais
Jobim volta a apoiar verba privada na Justiça
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro
Nelson Jobim, disse ontem que o
Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), o órgão de controle externo que será criado, irá examinar a
validade das parcerias entre tribunais e empresas que vêm permitindo a injeção de dinheiro privado no Poder Judiciário.
Jobim defendeu o uso de recursos não orçamentários em investimentos na Justiça, mas admitiu
que o CNJ poderá definir "uma
fórmula" que padronize essa prática no país e garanta o cumprimento do dispositivo da Constituição que trata de moralidade e
transparência na administração
pública (artigo 37).
Ele fez essas afirmações perante
a CCJ (Comissão de Constituição
e Justiça) do Senado, durante sabatina dos 15 indicados para o
conselho, entre os quais ele próprio, que o presidirá. "Evidentemente o conselho terá de examinar isso", disse. "Precisamos pensar em formas alternativas de investimento que sejam rigorosamente transparentes."
O uso de dinheiro privado foi
questionado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Na semana
passada, o juiz do TRF (Tribunal
Regional Federal) da 1ª Região
Antônio Souza Prudente suspendeu o programa pelo qual a indústria de cigarros Souza Cruz
planejava investir R$ 2,4 milhões
em projetos de informatização de
juizados e varas.
A suspensão havia sido pedida
por procuradores da República
em Brasília com base em reportagem da Folha. Parceiro da Souza
Cruz e da Fundação Getúlio Vargas nesse programa, o governo
disse que entraria com recurso.
Ao responder a Suplicy, Jobim
lembrou que os tribunais também têm parcerias com bancos
oficiais, que administram verbas
bilionárias de depósitos judiciais
e, em troca, pagam obras, aluguéis e projetos de informatização da Justiça, como mostrou reportagem recente da Folha.
Moraes
Todos os 15 nomes foram aprovados pela CCJ. Agora dependem
da votação em plenário para serem nomeados pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. A instalação do conselho será no dia 31
de maio ou 1º de junho.
O ex-secretário de Justiça de São
Paulo Alexandre de Moraes foi o
único que enfrentou oposição à
sua indicação, com 19 votos favoráveis, três contrários e uma abstenção. Ele foi escolhido pela Câmara para representar a sociedade civil no CNJ, ao lado de Joaquim Falcão, eleito pelo Senado.
Na votação da Câmara, Moraes
derrotou o secretário de Reforma
do Judiciário, do Ministério da
Justiça, Sérgio Renault, que era o
candidato do governo federal.
A senadora Serys Slhessarenko
(PT-MT) questionou afirmação
que Moraes teria feito a um grupo
de alunos na faculdade de direito
da Universidade de São Paulo sobre a possibilidade de tortura em
situações extremas. Ele respondeu que apenas fizera uma provocação para estimular o debate na
sala de aula. "Sou largo defensor
dos direitos humanos."
Ele também foi indagado sobre
a sua atuação como presidente da
Febem, cargo que acumulou com
o de secretário de Justiça de São
Paulo. Ele disse que uma pequena
parte das várias unidades da Febem apresentam problemas.
Dos 15 membros do CNJ, 9 são
juízes, 2 são advogados, 2 são
membros do Ministério Público e
2 são cidadãos, eleitos pelo Congresso. Eles irão fiscalizar juízes
corruptos e negligentes, centralizar o planejamento administrativo e financeiro e acompanhar a
execução orçamentária.
Também está para ser instalado
o Conselho Nacional do Ministério Público, órgão de controle externo dessa instituição nos níveis
federal e dos Estados. Ele terá 14
membros e será presidido pelo
procurador-geral da República.
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