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MST erra com anticapitalismo, diz líder
MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO
O MST erra ao educar seus militantes para que tenham uma visão antiempresarial da agricultura, enquanto os governos pecam
ao investir a maior parte do orçamento destinado à reforma agrária para a instalação de assentamentos, e não para a capacitação
técnica do pequeno produtor.
Essa é a visão de Braz Agostinho
Albertini, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo,
que representa 176 sindicatos de
trabalhadores rurais paulistas.
Segundo ele, trabalhar na agricultura é uma vocação e exige capacidade técnica e gerencial para
que a plantação dê lucro e melhore a vida dos assentados. A doutrina anticapitalista do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra), segundo disse, vai na
contramão desse pensamento.
"Eles [militantes do MST] se
acostumaram a morar embaixo
de lonas e a receber cestas básicas
do governo. Mas não é isso o que
querem. Eles querem é produzir,
ganhar o dinheirinho deles, ser
independentes para poder viver
melhor. Sem capacitação e crédito, os trabalhadores produzem
pouco e vivem mal."
"Massa de manobra"
Na opinião de Albertini, a maioria dos sem-terra que participa da
passeata é "massa de manobra".
"A culpa não é deles, mas dos líderes do movimento, que fazem
da reforma agrária uma "indústria
dos sem-terra". Quem trabalha de
verdade no campo não tem tempo para ficar fazendo passeata."
Para ele, a maioria dos assentamentos é inviável: "Dá para contar nos dedos os assentamentos
que dão certo. Falta visão empresarial para administrar a propriedade". A conseqüência disso seria
que o agricultor, decepcionado e
sem perspectivas de melhora em
seu padrão de vida, "desista de
cuidar da terra e mude para as cidades, que não têm infra-estrutura para receber todo esse povo".
A culpa disso, opina, é do histórico de descaso dos governos com
relação à reforma agrária e das
medidas paliativas que adotariam
para resolver a questão da violência no campo: "Nenhum governo
se comprometeu com a reforma
agrária. Quando começou a morrer gente, preferiram cuidar do
problema desapropriando áreas e
criando assentamentos".
De acordo com Albertini, o fato
de os governos só fazerem desapropriações quando há tensão social é um estímulo às invasões,
mas considera justas as reivindicações do MST: "É justo alguém
querer um pedaço de terra para
trabalhar e ganhar a vida".
Ele promete fazer uma passeata,
no dia 25, em São Paulo, para
pressionar o governo estadual a liberar mais verbas para a capacitação do agricultor.
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