Média de parlamentar do DF foi R$ 38,5 mil em 2007

HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Planilhas da Câmara Legislativa do Distrito Federal apontam que no ano de 2007 os deputados distritais gastaram, em média, mais com combustíveis que os seus colegas da Câmara dos Deputados.
No Distrito Federal, onde são 24 deputados, o gasto com combustível chegou a R$ 926 mil, o que dá uma média de R$ 38,5 mil por parlamentar. Já na Câmara, que tem 513 cadeiras, a despesa com combustível, segundo a ONG Transparência Brasil, chegou a R$ 16,7 milhões em 2007. A média por parlamentar é R$ 32,6 mil.
Em comum, os gastos nas duas Casas foram ressarcidos aos parlamentares com dinheiro público das verbas indenizatórias. Na Câmara dos Deputados, a verba é de R$ 15 mil por mês, enquanto no Legislativo do Distrito Federal o benefício corresponde a R$ 11.250.
A verba cobre despesas com aluguel de imóveis, locação e manutenção de veículos, assessoria e "divulgação de atividade parlamentar", além de combustíveis. No ano passado, três suplentes assumiram o cargo em agosto, mas para chegar à média a reportagem usou o número de 24 cadeiras na Câmara do Distrito Federal. Isso porque a ONG Transparência Brasil usou o número de 513 deputados, sem considerar os suplentes, para fazer cálculos sobre uso das verbas indenizatórias.
Entre os deputados distritais, a maioria gastou de R$ 4.000 a R$ 29 mil. O deputado Chico Leite (PT) não registrou despesa com combustível, usando a verba para aluguel, locação e assessoria, porém um grupo de oito deputados puxou a média para cima.
Desses, quatro gastaram, cada um, de R$ 55,2 mil a R$ 62,4 mil no ano somente com combustíveis. Os demais estão em um patamar ainda mais alto.
O 1º Secretário da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR), teve despesa de R$ 99,2 mil. Em segundo lugar, Berinaldo Pontes (PP) aparece com R$ 90,5 mil, seguido por Brunelli Jr. com R$ 88,6 mil e Batista das Cooperativas, R$ 80,4 mil.
Na Câmara dos Deputados, o limite dos gastos com combustível é de R$ 54 mil por ano. No Distrito Federal não há teto.
Conforme a ONG Transparência Brasil, oitos parlamentares atingiram esse limite em 2007 na Câmara dos Deputados. "Cada um deles poderia ter dado seis vezes a volta ao planeta de automóvel com o dinheiro que receberam", diz a entidade.
A ONG usou o preço médio de R$ 2,52 para um litro de gasolina. Cada litro garantiria o percurso de 11 km, informa a entidade. Levando em conta esses dados, o deputado Wilson Lima, com R$ 99,2 mil, poderia ter percorrido 433 mil km.

Outro lado
A Folha entrou em contato com os deputados para obter explicações sobre os gastos. José Antonio Reguffe (PDT), que teve despesa de R$ 10,3 mil com combustíveis, disse que propôs o fim da verba em 2007, mas foi derrotado por 20 votos a 1. Por meio de sua assessoria, o deputado Brunelli informou que faz trabalho de assistência social nas cidades-satélites e usa vários carros para atender pessoas carentes. O deputado Batista das Cooperativas informou que não comentaria os gastos. Lima e Berinaldo não telefonaram de volta.
A deputada Eurides Brito (PMDB), que assumiu o cargo em agosto e até dezembro gastou R$ 19,8 mil com combustível, disse que "não cabe a comparação em relação aos deputados federais, visto que a maioria destes não possui bases eleitorais no DF e, portanto, usam menos combustível".


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