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Governador de TO é suspeito de usar verba para comprar presente
Ex-assessora fez denúncia à PF; para governo, acusação não tem cabimento
CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PALMAS (TO)
Documentos entregues pela
ex-assessora do governo do Tocantins Angela Costa Alves à
Polícia Federal contêm indícios de que dinheiro público foi
usado para comprar presentes
para, entre outros, a mulher do
governador Marcelo Miranda
(PMDB), Dulce Miranda.
Além disso, há uma lista de
beneficiários de um programa
assistencial do governo que, segundo ela, receberam dinheiro
em troca de votos na campanha
de reeleição de Miranda, em
2006. Ele já responde a processo no TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) acusado de compra
de voto e conduta vedada a
agente público na eleição.
Cópias de talões de requisições de materiais e serviços da
seção de compras do gabinete
de Miranda, além de notas fiscais de fornecedores, que estão
em poder da PF e aos quais a
Folha teve acesso, relacionam
compras de ternos, gravatas e
calças de grife, joias, vinhos, buquês de flores e chocolates.
Entre as requisições está a
05079, sem data e com a discriminação "joia presente", no valor de R$ 6.000. Segundo o depoimento de Angela à PF, cuja
cópia foi obtida pela reportagem, houve uma ordem de Miranda para que ela comprasse
uma joia para a mulher, para
comemorar o aniversário de
casamento do casal, quando foram gastos os R$ 6.000.
Ela também cita a compra,
em 2005, de um faqueiro de
prata de R$ 4.600, com verba
pública. Em notas entregues à
PF, há requisições de R$ 148,70
a R$ 20,8 mil para compras de
roupas e flores em Palmas.
No depoimento à PF, Angela
disse que o programa "Governo
Mais Perto de Você", criado em
2005 com o objetivo de levar
serviços de saúde a moradores
de cidades do Estado, "consiste
em beneficiar pessoas do povo
com dinheiro público". "Eram
feitas doações de dinheiro em
espécie para a população que
participava do programa, como
forma de compra de voto".
A ex-assessora entregou à PF
um relatório de atendimento
do programa realizado em Ananás (520 km de Palmas). Na ficha há uma relação de 98 pessoas atendidas no dia 29 de
abril de 2006. Há também cópias de recibos de pagamentos
de R$ 50 a R$ 380.
O programa é citado no parecer do procurador eleitoral
Francisco Xavier Pinheiro Filho, que recomenda a cassação
do diploma do governador.
Angela afirma que o próprio
governador ofereceu R$ 300
mil para ela "se calar". Ela não
foi localizada pela reportagem.
Em nota, o secretário de Comunicação do governo, Sebastião Vieira de Melo, afirma que
as declarações da ex-assessora
são "caluniosas e não apresentam qualquer fundamento".
Diz que são "práticas exercidas
pela própria depoente" e "sem
qualquer comprovação" de que
houve "anuência do governo".
A reportagem não conseguiu
falar com o governador nem
com a primeira-dama.
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