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São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

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NO AR

De cima a baixo

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

No dizer de um comentarista da Globo, FHC "não deixou pedra sobre pedra" em sua entrevista ao site do PSDB:
- Ele desancou o governo Lula de cima a baixo. Bateu em tudo quanto é aspecto. Não poupou nada.
E doeu. Lula usou o primeiro palanque que encontrou, numa feira de doces, para um desabafo como há muito não se via nos telejornais, da parte de um presidente.
Descontrolou-se, criticou de professores universitários a intelectuais, bradando, com orgulho, que não sabe nem inglês nem espanhol.
Atacou como FHC, só que sem edição. Como um fundamentalista em revolta, o presidente se entrincheirou em sua origem pobre e deu liberdade a ódios represados.
Não só em direção a FHC, citado até por nome e acusado de deixar o Brasil no "buraco", mas também a procuradores e outros supostos privilegiados que combatem a reforma da Previdência.
Talvez tenha ajudado, na revolta de Lula, a vaia de uma centena de servidores públicos, diante do palanque -sua segunda vaia.
Atrás dele, na cena, ministros e governadores aparentemente incrédulos, alguns temerosos. Diante dele, ou melhor, diante dos aparelhos de televisão, a reação dos cidadãos telespectadores não deve ter sido muito diversa.
Alguns poderão se identificar ainda mais com o presidente, com o Lula autêntico, como se diz. Mas não, não foi uma cena boa de ver.
 
Alexandre Garcia, falando da entrevista de FHC, arriscou que não mudaria "o relacionamento respeitoso de Lula e Fernando Henrique".
Mudou. Se ainda havia algum laço entre os velhos companheiros, a resposta de Lula garantiu o rompimento.
Os comentaristas não conseguiam atinar o motivo da entrevista do ex-presidente. Talvez tenha sido exatamente dividir o país em dois campos. Ou em dois líderes.
Petistas e tucanos em Brasília distribuíram ofensas de parte a parte e aprofundaram o novo cenário.
 
Em meio ao confronto de Lula e FHC, Garotinho reuniu "cerca de mil pessoas", o que é pouco mas serviu para ele lançar, segundo a Jovem Pan, a seguinte frase no ar:
- Este movimento não tem como objetivo a saída de Lula no governo...
Para Boris Casoy, ele está "candidatíssimo".


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