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NO AR
De cima a baixo
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
No dizer de um comentarista da Globo, FHC
"não deixou pedra sobre pedra"
em sua entrevista ao site do
PSDB:
- Ele desancou o governo Lula de cima a baixo. Bateu em tudo quanto é aspecto. Não poupou nada.
E doeu. Lula usou o primeiro
palanque que encontrou, numa
feira de doces, para um desabafo como há muito não se via nos
telejornais, da parte de um presidente.
Descontrolou-se, criticou de
professores universitários a intelectuais, bradando, com orgulho, que não sabe nem inglês
nem espanhol.
Atacou como FHC, só que sem
edição. Como um fundamentalista em revolta, o presidente se
entrincheirou em sua origem
pobre e deu liberdade a ódios represados.
Não só em direção a FHC, citado até por nome e acusado de
deixar o Brasil no "buraco",
mas também a procuradores e
outros supostos privilegiados
que combatem a reforma da
Previdência.
Talvez tenha ajudado, na revolta de Lula, a vaia de uma
centena de servidores públicos,
diante do palanque -sua segunda vaia.
Atrás dele, na cena, ministros
e governadores aparentemente
incrédulos, alguns temerosos.
Diante dele, ou melhor, diante
dos aparelhos de televisão, a
reação dos cidadãos telespectadores não deve ter sido muito
diversa.
Alguns poderão se identificar
ainda mais com o presidente,
com o Lula autêntico, como se
diz. Mas não, não foi uma cena
boa de ver.
Alexandre Garcia, falando da
entrevista de FHC, arriscou que
não mudaria "o relacionamento respeitoso de Lula e Fernando
Henrique".
Mudou. Se ainda havia algum
laço entre os velhos companheiros, a resposta de Lula garantiu
o rompimento.
Os comentaristas não conseguiam atinar o motivo da entrevista do ex-presidente. Talvez
tenha sido exatamente dividir o
país em dois campos. Ou em
dois líderes.
Petistas e tucanos em Brasília
distribuíram ofensas de parte a
parte e aprofundaram o novo
cenário.
Em meio ao confronto de Lula
e FHC, Garotinho reuniu "cerca
de mil pessoas", o que é pouco
mas serviu para ele lançar, segundo a Jovem Pan, a seguinte
frase no ar:
- Este movimento não tem
como objetivo a saída de Lula
no governo...
Para Boris Casoy, ele está
"candidatíssimo".
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