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São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

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PF prende delegado ligado ao caso

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O delegado Paulo Cauby Batista, da Polícia Federal do Ceará, foi preso ontem de manhã pela PF sob acusação de passar informações sigilosas ao doleiro Alexander Diógenes Ferreira Gomes, o "Alex", investigado por lavagem de dinheiro no caso Banestado.
O mandado de prisão contra Batista é a primeira determinação expedida pela primeira vara da Justiça Federal da região Nordeste especializada em julgar crimes de lavagem de dinheiro e contra o Sistema Financeiro Nacional. Inaugurada anteontem, o titular da vara é o juiz Danilo Fontenele.
O juiz Fontenele concedeu mandado de busca e apreensão de documentos e computadores de Paulo Batista. Também já foi pedida a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal do delegado e o levantamento de seus bens, para verificar se eles são compatíveis com o salário de R$ 7.500.
Segundo nota divulgada pela PF no Estado, as provas obtidas no inquérito são "contundentes e suficientes" para incriminar Batista por acusação de envolvimento com o crime organizado.
Batista passou o dia de ontem prestando depoimento. A PF não informou se ele nega ou confessa o crime. Até o início da noite, ele ainda não tinha um advogado.
Segundo o procurador da República Fernando Braga, o nome de Batista foi identificado por acaso em uma perícia em computadores de Alex. "Havia troca de mensagens entre os dois", disse. Boa parte da investigação está sendo mantida sob sigilo. A suspeita de que havia vazamento de informação sigilosa surgiu, segundo a PF, porque muitas investigações apresentavam inexplicavelmente "resultados inócuos".
Batista chefiava a Delegacia de Polícia Marítima e Aérea de Fronteira e está na PF há 21 anos. Dependendo das investigações, ele poderá ser expulso da polícia. Ele não era responsável, porém, pelas investigações sobre casos de lavagem de dinheiro.
O doleiro Alex está entre os envolvidos no caso Banestado, em que remessas feitas por meio de contas CC-5, destinadas a depósitos fora do país, estão sendo investigadas sob suspeita de lavagem de dinheiro.
Segundo o Ministério Público Federal, o doleiro estaria relacionado a duas empresas "offshore" que teriam movimentado juntas US$ 575 milhões entre 1996 e 1997. A polícia e o Ministério Público suspeitam de que parte do dinheiro se origine de atividades ilícitas, como corrupção, contrabando e narcotráfico.
Estão sendo investigadas 137 contas que tiveram maior movimentação na agência nova-iorquina do Banestado, alimentadas por milhares de remessas do Brasil feitas por contas CC-5.


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