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PF prende delegado ligado ao caso
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O delegado Paulo Cauby Batista, da Polícia Federal do Ceará, foi
preso ontem de manhã pela PF
sob acusação de passar informações sigilosas ao doleiro Alexander Diógenes Ferreira Gomes, o
"Alex", investigado por lavagem
de dinheiro no caso Banestado.
O mandado de prisão contra
Batista é a primeira determinação
expedida pela primeira vara da
Justiça Federal da região Nordeste
especializada em julgar crimes de
lavagem de dinheiro e contra o
Sistema Financeiro Nacional.
Inaugurada anteontem, o titular
da vara é o juiz Danilo Fontenele.
O juiz Fontenele concedeu
mandado de busca e apreensão de
documentos e computadores de
Paulo Batista. Também já foi pedida a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal do delegado
e o levantamento de seus bens,
para verificar se eles são compatíveis com o salário de R$ 7.500.
Segundo nota divulgada pela PF
no Estado, as provas obtidas no
inquérito são "contundentes e suficientes" para incriminar Batista
por acusação de envolvimento
com o crime organizado.
Batista passou o dia de ontem
prestando depoimento. A PF não
informou se ele nega ou confessa
o crime. Até o início da noite, ele
ainda não tinha um advogado.
Segundo o procurador da República Fernando Braga, o nome
de Batista foi identificado por acaso em uma perícia em computadores de Alex. "Havia troca de
mensagens entre os dois", disse.
Boa parte da investigação está
sendo mantida sob sigilo. A suspeita de que havia vazamento de
informação sigilosa surgiu, segundo a PF, porque muitas investigações apresentavam inexplicavelmente "resultados inócuos".
Batista chefiava a Delegacia de
Polícia Marítima e Aérea de Fronteira e está na PF há 21 anos. Dependendo das investigações, ele
poderá ser expulso da polícia. Ele
não era responsável, porém, pelas
investigações sobre casos de lavagem de dinheiro.
O doleiro Alex está entre os envolvidos no caso Banestado, em
que remessas feitas por meio de
contas CC-5, destinadas a depósitos fora do país, estão sendo investigadas sob suspeita de lavagem de dinheiro.
Segundo o Ministério Público
Federal, o doleiro estaria relacionado a duas empresas "offshore"
que teriam movimentado juntas
US$ 575 milhões entre 1996 e
1997. A polícia e o Ministério Público suspeitam de que parte do
dinheiro se origine de atividades
ilícitas, como corrupção, contrabando e narcotráfico.
Estão sendo investigadas 137
contas que tiveram maior movimentação na agência nova-iorquina do Banestado, alimentadas
por milhares de remessas do Brasil feitas por contas CC-5.
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