São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

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Aliados contribuíram para derrota

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os senadores mais ligados ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e ao ministro José Dirceu (Casa Civil) contribuíram para a derrota do governo na votação da medida provisória do salário mínimo.
Como presidente da Casa, Sarney só vota em caso de empate, mas sua filha Roseana Sarney (PFL-MA) e os senadores Edison Lobão (PFL-MA) e Papaléo Paes (AP), que seguem sua orientação política, votaram a favor do reajuste para R$ 275.
Outro senador do grupo de Sarney, o peemedebista João Alberto (MA), não votou: registrou presença e viajou para o Estado.
Nos últimos dias, ao ser indagado sobre a posição dos aliados, Sarney dizia que a filha "caminha com as próprias pernas" e que não controla os votos de ninguém. Roseana, por sua vez, alegava coerência com sua "posição histórica", favorável a um mínimo equivalente a US$ 100.
Dirceu trava disputa de bastidor com Aldo Rebelo (Coordenação Política) pela operação política. Dirceu apoiou a emenda que possibilitaria a reeleição de Sarney. Aldo foi contra, com Renan Calheiros (AL), líder do PMDB, que justamente quer suceder Sarney.
Considerado um dos senadores mais próximos a Dirceu, o tucano Eduardo Siqueira Campos (TO) não só votou a favor dos R$ 275 como foi o mais enfático ao defender que a bancada exigisse voto contra os R$ 260.
O senador tucano esteve várias vezes com o chefe da Casa Civil, de quem disse ter recebido apelos para votar a favor dos R$ 260, ""em nome da governabilidade e da estabilidade econômica". Siqueira Campos tem influência sobre o pefelista João Ribeiro (TO), que também votou contra o governo.
Além do tucano, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) tem afinidade com Dirceu. ACM e os dois senadores baianos do seu grupo, César Borges e Rodolpho Tourinho, votaram contra o governo. Borges foi o relator do substitutivo que propôs o reajuste do mínimo para R$ 275.
A votação ainda aproximou ACM de Heloísa Helena (sem partido-AL), uma de suas maiores adversárias no plenário.
O único tucano que votou a favor do governo foi Marcos Guerra (ES), suplente do peemedebista Gerson Camata (ES). Ele foi pressionado não só pelo titular do mandato como pelo governador do Estado, Paulo Hartung. Camata recebeu ligação de Renan, sugerindo que reassumisse a vaga somente para votar com o governo. Por isso, insistiu para que Guerra votasse com os R$ 260.
Dos três senadores do PL, o único que votou com o governo foi Aelton de Freitas (MG), suplente do vice-presidente, José Alencar. (RAQUEL ULHÔA)


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