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Primo de Serra foi ouvido; Wilma Motta, não
da Sucursal de Brasília
Entre as 47 testemunhas ouvidas
pela Polícia Federal no inquérito
003/98, estão um primo do ministro da Saúde, José Serra, e dez jornalistas.
Mas os agentes da polícia dizem
não ter conseguido entregar uma
intimação para Wilma Motta, viúva de Sérgio Motta, ministro das
Comunicações, morto em abril de
1998.
O primo de Serra ouvido no inquérito do dossiê Caribe é Estevam
Petito. Ele prestou dois depoimentos, nos dias 5 e 11 de fevereiro deste ano.
Petito foi chamado a depor porque diz ter sido procurado pelo advogado Paulo Sérgio Braga Barboza, em "setembro ou outubro do
ano passado", pedindo que intermediasse um encontro com o ministro José Serra.
Petito relatou ter ido até o escritório de Barboza. O advogado disse ter viajado naquela época para
Miami, nos Estados Unidos.
No exterior, segundo Petito, o
advogado teria recebido informações sobre a "existência de documentos envolvendo uma empresa" ligada ao "professor Serra, Mário Covas e Sérgio Motta".
Enquanto fazia seu relato, Barboza mostrou a Petito "dois ou três
faxes" nos quais ele teria visto as
letras C, H, J e T, em meio a textos
"redigidos no idioma inglês".
Segundo o relato de Petito, o advogado disse que "um conhecido
dele em Miami" estaria tentando
negociar os papéis com o PT, pois
não teria "acesso ao PSDB". Por isso Barboza desejaria um encontro
com José Serra.
Petito contou a seu primo sobre a
conversa com Barboza. José Serra
disse que era tudo "loucura" e se
recusou a marcar um encontro
com o advogado.
Paulo Barboza também foi ouvido pela PF. O depoimento foi na
manhã do dia 11 de fevereiro. O advogado negou quase tudo.
Admitiu ter clientes em Miami,
mas disse não ser verdade que soube por conhecidos nos EUA qualquer informação sobre supostas
contas bancárias ou uma empresa
pertencente a políticos tucanos no
exterior. Também negou ter apresentado faxes contendo essas informações a Estevam Petito.
A PF intuiu que Paulo Barboza
negaria os fatos relatados por Petito e marcou uma acareação de surpresa, para o mesmo dia que o advogado fez o seu depoimento.
Eis o que diz o inquérito sobre a
reação de Paulo Barboza ao saber
que se encontraria com Petito dentro da PF: "O nervosismo do dr.
Paulo Sérgio Braga Barboza, observado durante todo o tempo que
prestou declarações, sofreu nítido
aumento".
O advogado afirmou que não poderia esperar para fazer a acareação, pois tinha um compromisso
marcado para as 11h da manhã. O
delegado, então, intimou-o a estar
na PF ao meio-dia, com tolerância
até as 13h. Paulo Barboza não apareceu.
Ele acabou não sendo ouvido
porque o inquérito foi concluído
depois que a Justiça Federal acatou
o pedido de abertura de processo
da Procuradoria Geral República
contra os supostos divulgadores
do dossiê.
Wilma Motta
A viúva de Sérgio Motta estava
relacionada entre as testemunhas
do caso. Curiosamente, segundo
demonstra o inquérito, não houve
empenho da PF para entregar a intimação -uma testemunha tem
de receber pessoalmente a intimação para ir depor.
No dia 24 de novembro do ano
passado, dois agentes da PF foram
até a casa de Wilma Motta, em São
Paulo. Foram atendidos por uma
funcionária de nome Bernadete.
Os agentes disseram que precisavam entregar uma intimação em
mãos para Wilma Motta.
Queriam saber a que horas poderiam encontrá-la. Bernadete, segundo o inquérito, respondeu que
havia sido "instruída pela dona da
casa para não dar tais informações".
Em seguida, a funcionária teve
de atender a uma ligação telefônica. Retornou para onde estavam os
agentes e disse que uma pessoa ("a
qual ela não queria informar quem
era") estaria "se dirigindo para lá
para resolver o problema".
"Os agentes aguardaram algum
tempo, e, pela impossibilidade de
permanecerem no local, deixaram
com a sra. Bernadete anotação
com telefone da Interpol/SP, para
que a sra. Wilma Motta entrasse
em contato logo que possível", diz
o inquérito.
Wilma Motta não foi mais procurada e nunca prestou depoimento no processo.
(FERNANDO RODRIGUES)
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