DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Numa solenidade ontem, no Palácio do Planalto, em que recebeu cerca de cem atletas que vão representar o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo (República Dominicana), em agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva posou para fotos com o boné da delegação.
Ao ganhar uma sacola com presentes, o presidente não hesitou. Vestiu a jaqueta e colocou o boné. Ele teve dificuldade para fechar a jaqueta, que ficou justa.
Esse foi o quarto boné que Lula pôs na cabeça em 15 dias. A primeira vez foi no dia 2, quando colocou um boné do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) numa reunião com líderes do movimento.
A atitude provocou revolta entre ruralistas e políticos de oposição, que o acusaram de tomar partido no conflito. Chegou-se a falar na instalação de uma CPI para investigar a relação do presidente com os sem-terra.
Ao pôr o boné da delegação brasileira, Lula tenta dissipar essa imagem ruim. Desde então, colocou os bonés do Fome Zero, na semana passada, quando a primeira-dama assumiu a presidência de honra da ONG Apoio Fome Zero, e da LSE (London School of Economics and Political Science), na última segunda, quando deu uma aula pública nessa instituição da Inglaterra.
Num discurso improvisado aos esportistas sobre a importância de competir, Lula comparou o atleta que não ganha uma medalha com o soldado que não volta da guerra. "O que eu acho grave no nosso país é que nós aprendemos a dar valor apenas ao vencedor", disse.
Apesar dos aplausos, pelo menos um atleta discordou. "Acho que o importante é ganhar mesmo", disse o carateca Altamiro Cruz, 34. (LEILA SUWWAN)


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