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Polícia localiza contas de Zuleido na Suíça
Ministério Público pede o bloqueio do dinheiro; advogado diz que "contas no exterior não representam um ato ilícito"
Ministério Público suspeita que Zuleido esteja fazendo
remessas para o exterior desde que a PF deflagrou Operação
Navalha em maio
SILVANA DE FREITAS
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
pediu o bloqueio de duas contas
bancárias na Suíça ligadas ao
dono da construtora Gautama,
Zuleido Veras. A suspeita é que
ele esteja fazendo sucessivas
transferências para elas desde
que a Operação Navalha se tornou pública, em maio último.
Uma das contas tem o nome
"Amatuag", o contrário de Gautama. Ambas foram descobertas pela Polícia Federal, a partir
da análise da movimentação financeira das contas no Brasil
que já estão bloqueadas e que
tiveram o sigilo quebrado.
Também contribuíram para
confirmar a existência das contas documentos da Gautama e
do empresário apreendidos em
17 de maio, quando foi deflagrada a Operação Navalha, na qual
Veras foi preso. As remessas ao
exterior são uma estratégia recorrente de pessoas investigadas por crimes. Há mais dificuldade burocrática de identificação de saldos em contas fora do
país para o eventual cumprimento de medidas judiciais futuras, como ressarcimento de
dinheiro público desviado.
Advogado de Veras e de diretores da Gautama, Luiz Fernando Pacheco disse à Folha
que ontem, ao longo do dia,
tentou, sem sucesso, obter informações relativas às contas
no exterior, e por isso não teria
condições de comentar a reportagem. Segundo Pacheco,
"contas no exterior não representam um ato ilícito, desde
que estejam declaradas e que
os valores por elas movimentados tenham sido tributados".
A suspeita de que o empresário -suspeito de liderar o esquema de fraudes em licitações
investigado na Operação Navalha- tem feito transferências
para a Suíça foi reforçada pelo
fato de que os advogados de Veras apresentaram à ministra do
STJ (Superior Tribunal de Justiça) Eliana Calmon vários pedidos de liberação de dinheiro
das contas no Brasil.
Relatora do inquérito criminal da Operação Navalha, Calmon tem aceitado os pedidos.
Recentemente ela permitiu o
desbloqueio de R$ 2 milhões
para o pagamento de funcionários da Gautama. Em outra solicitação, os advogados argumentaram que ele precisava de
recursos para quitar dívidas
com fornecedores da empresa.
Inicialmente a ministra havia determinado o bloqueio de
todas as contas das pessoas e
empresas envolvidas na Operação Navalha. Após receber vários pedidos de liberação, ela
ordenou o desbloqueio parcial
de todas as contas para permitir a movimentação de até R$
20 mil por mês em cada uma.
Ela determinou que todas as
aplicações e saques de valores
"mais elevados" ficassem submetidos à verificação judicial.
A decisão não informa o teto.
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