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Força de paz no Haiti é
um marco, diz Viegas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Defesa, José Viegas, 61, diz que o Brasil assumiu o
comando da força de paz no Haiti
depois de "exortado" por países
como França, Estados Unidos e
Chile, além da própria ONU (Organização das Nações Unidas).
"Pela primeira vez, a América
do Sul tem a maioria da tropa e o
Brasil tem o comando de uma força de paz internacional. É um
marco", defendeu Viegas.
(EC)
Folha - Por que é importante para
o Brasil gastar recursos, quadros e
energia para liderar uma força de
paz no Haiti?
José Viegas - Porque o Brasil é
membro da ONU e tem responsabilidades na garantia da paz e da
segurança internacionais, que são
ainda mais notórias quando se
trata de América Latina. Já participamos de forças de paz em Angola, Moçambique e Timor Leste,
além de operações para desarmar
minas em Honduras e Nicarágua.
O acerto de nossa decisão está,
aliás, na incorporação de outros
países da América do Sul à força
de paz no Haiti, como Argentina,
Chile, Uruguai e Peru. Pela primeira vez, a América do Sul tem a
maioria da tropa e o Brasil tem o
comando de uma força de paz internacional. É um marco, numa
ação absolutamente legítima.
Folha - Qual o orçamento tanto
para a rotina dos brasileiros no Haiti quanto para o jogo?
Viegas - A Defesa não gastou um
tostão com o jogo e, ao que eu saiba, as despesas foram absorvidas
pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Quanto à força, ela
custa US$ 50 milhões, desde preparação, transporte, permanência
e alimentação até o final do ano. E
a ONU vai reembolsar o desgaste
de material e as diárias das tropas.
Folha - Por que o Brasil acertou a
liderança da força de paz com os
EUA, mas fez questão de divulgar
que o pedido foi da França? Não ficaria bem fazer aliança com os EUA,
sempre acusados de interferência
nas questões internas do Haiti?
Viegas - O Brasil recebeu convites, exortações até, não só da
França e dos EUA, mas do Chile e
da própria ONU. O secretário-geral (Kofi Annan) telefonou para o
chanceler Celso Amorim.
Folha - Qual o objetivo de assumir
uma política externa ""agressiva" e
de disputar liderança mundial?
Viegas - Não é agressiva, é afirmativa, a favor da paz, da estabilidade. Nosso esforço no Haiti é de
ajuda, de cooperação para o desenvolvimento econômico e social. O Brasil não está buscando liderança mundial. Nos últimos 20
meses, o que há é entusiasmo internacional pelo Brasil.
Folha - E o que isso reverte para
os brasileiros?
Viegas - Há coisas que não se pode quantificar. Melhor imagem
do país pode não significar US$
1.000 nem US$ 1 milhão. Mas o
país ser visto como construtivo é
bom ou ruim? Aumenta respeito,
interesse e confiabilidade.
Folha - O jogo no Haiti pode ser
incluído em que categoria: política
externa, injeção de ânimo interno,
marketing brasileiro no exterior?
Viegas - Além da dimensão psicológica positiva para a população do Haiti, chama a atenção do
mundo para ajudar o país.
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