São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 2006

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Procurador pede inquérito sobre mais 27 sanguessugas

Lista de novos nomes de parlamentares suspeitos foi apresentada ontem ao STF

Identidade dos alvos de investigação não foi divulgada pelo Supremo, pois processos tramitam em segredo de Justiça


SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, pediu ontem ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquéritos criminais contra mais 27 parlamentares suspeitos de envolvimento no esquema dos sanguessugas.
Com o envio desses novos pedidos, subirá para 84 o número de parlamentares que são alvo de investigação no STF em razão de indícios de participação no esquema de desvios de dinheiro público por meio da compra de equipamentos como ambulâncias.
Os pedidos foram enviados no final da tarde de ontem. Esse foi o terceiro "pacote" de solicitações de instauração de inquéritos criminais ao STF. O primeiro foi feito em 31 de maio contra 15 deputados. Cerca de um mês depois, houve a segunda remessa, contra 42 deputados e um senador.
No caso dos 57 inquéritos já instaurados, a Polícia Federal vem realizando as apurações sugeridas pelo procurador-geral e ordenadas pelo relator, ministro Gilmar Mendes. A suspeita inicial é de prática de crimes como corrupção ativa e passiva, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
O inquérito criminal precede a eventual ação penal. Ao final das apurações da PF, Antonio Fernando decidirá se há indícios de prática de crimes para oferecer denúncia ao STF para a abertura do processo.
O nome dos suspeitos é mantido sob sigilo porque o procurador-geral pediu a tramitação das investigações em segredo de Justiça. O objetivo é preservar a imagem do parlamentar caso o inquérito seja arquivado, sem o pedido de abertura da ação penal, por falta de provas.
Em Mato Grosso, tramitam inquéritos contra empresários e assessores de parlamentares, que também são acusados de atuar na máfia dos sanguessugas, mas não têm foro privilegiado no STF.
A Operação Sanguessuga, realizada pela PF, revelou a existência de esquema de compra fraudulenta de ambulâncias por prefeituras de vários Estados e do Distrito Federal, com recursos orçamentários previstos por meio de emendas parlamentares.
Na semana passada, a CPI dos Sanguessugas aprovou o relatório que pediu a cassação do mandato de 69 deputados federais e três senadores por suposto envolvimento na fraude.
A CPI investigou 90 parlamentares, mas acabou absolvendo 18. Nunca um grupo tão grande de parlamentares -equivalente a 12% do Congresso Nacional- foi acusado formalmente de participação em um caso de corrupção.
Anteontem, o presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), entregou o relatório ao procurador-geral.
A próxima ofensiva do Ministério Público Federal deverá ser contra prefeitos beneficiários do esquema. Segundo Biscaia, o órgão conduz investigações contra prefeitos de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso.
Considerado o chefe da quadrilha, o sócio da empresa Planam Luiz Vedoin disse em depoimento que as fraudes em licitações para a compra de ambulâncias envolveram pelo menos 493 prefeituras.


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