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ROLO TRIBUTÁRIO
Governistas querem começar 2º turno já na semana que vem
Câmara aprova tributária em 1º turno após duas semanas
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de duas semanas marcadas por tentativas frustradas, o
governo conseguiu às 17h45 de
ontem encerrar a votação em primeiro turno da reforma tributária
na Câmara dos Deputados. Não
houve acordo com o PFL. O partido suspendeu a obstrução, mas
anunciou que continuará tentando fazer alterações na proposta.
O resultado da última das sete
votações de ontem foi festejado
pelos governistas com gritos e
chuva de papel picado no plenário da Câmara. O texto-base da
proposta tributária, relatada pelo
deputado Virgílio Guimarães
(PT-MG), foi aprovado no último
dia 4, mais de quatro meses depois de a reforma ter chegado à
Câmara, em 30 de abril. A expectativa dos governistas é iniciar a
votação em segundo turno na
quarta-feira. Vencida essa etapa,
o texto segue para o Senado.
A Câmara manteve os pontos-chave da reforma, que são, entre
outros, a prorrogação da CPMF
(o "imposto" do cheque) e da
DRU (Desvinculação das Receitas
da União, que permite o gasto livre de 20% das receitas) até 2007,
além da federalização da legislação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), principal fonte de receitas
dos Estados. As alíquotas do imposto cairão de 44 para cinco.
"Essa vitória importante do governo se explica pela combinação
de uma sólida base parlamentar
com uma eficiente capacidade de
negociação", afirmou o deputado
Aldo Rebelo (PC do B-SP), líder
do governo na Câmara.
Ontem foram votadas e rejeitadas sete emendas apresentadas
pelo PFL. Como o partido não
obstruiu os trabalhos, as votações
não levaram mais que duas horas.
A tramitação da reforma foi
marcada por várias alterações no
projeto. A única que não teve a
anuência do governo foi a derrubada da idéia de tornar progressiva, com teto de 15%, as alíquotas
do imposto sobre heranças e doações. A proposta caiu anteontem,
mantendo a alíquota única de 4%.
Críticas
As mudanças patrocinadas pelo
governo buscaram atender a governadores, empresários, empresários, prefeitos, base aliada e
oposição, mas ainda há muitas
críticas. "A base do governo deveria estar preocupada com a insatisfação que essa tramitação gerou. A festa de hoje pode ser o lamento de amanhã", afirmou o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), que liderou
uma fracassada tentativa de acordo com o governo para atender a
uma reivindicação da Bahia.
O PFL rachou na negociação
(uma parte queria o acordo, mas a
outra era contra) e, isolado pelo
PSDB, que fechou acordo com o
governo, acabou se desgastando.
A mudança solicitada era retirar
das novas regras do ICMS as empresas que receberam benefícios
fiscais dos Estados. O objetivo era
evitar que a Bahia perdesse parte
da arrecadação vinda da fábrica
da Ford instalada no Estado.
Momentos depois do encerramento da votação da reforma no
plenário, o governo acabou tendo
que enfrentar um problema com
o aliado PMDB na votação da redação final da proposta aprovada,
ocorrida na comissão especial da
Câmara que analisou o projeto.
O PMDB, liderado pelo deputado Osmar Serraglio (PR), e a bancada do Rio argumentaram que o
texto apresentado não contemplava acordo fechado entre o Planalto e a governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB). O acordo previa que o Estado teria em 11
anos parte da arrecadação de
ICMS sobre o petróleo.
Os governistas afirmaram que a
redação contempla o acordo, mas
não convenceram os peemedebistas. O texto foi aprovado na comissão simbolicamente, mas teve
os votos contrários do PMDB e os
das bancadas do Rio e do Paraná.
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