São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2007

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Governo vai acelerar a extradição, diz Tarso

Ministro da Justiça afirma que irá "até o limite do possível" para trazer o ex-banqueiro Salvatore Cacciola para o Brasil

Ministério deve apresentar a documentação até sexta; a expectativa é de uma definição da Justiça de Mônaco na próxima semana

MARIA LUIZA RABELLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem que o governo brasileiro tentará acelerar o pedido de extradição do ex-banqueiro Salvatore Cacciola, preso em Mônaco. Segundo o ministro, o governo irá até "o limite do possível" para obter a extradição.
Segundo ele, os documentos que justificam a extradição foram escritos em italiano, mas já estão sendo traduzidos para o francês, idioma oficial de Mônaco. Apresentando todo o material até sexta-feira, o governo brasileiro espera ter um posicionamento da Justiça de Mônaco até a próxima semana.
Passados sete anos foragido do Brasil, a Interpol identificou Cacciola no último sábado quando passeava em Mônaco. O Ministério da Justiça ainda não sabe em que condições o ex-banqueiro foi detido, se foi na fronteira do principado ou nas proximidades de um cassino. "Temos versões contraditórias mas, para nós, isso sinceramente não é relevante", afirmou Tarso.
O Brasil enviou ontem a ministra conselheira Maria Laura da Rocha para acompanhar o caso de Cacciola. Representante da Embaixada do Brasil em Paris, ela vai assistir à primeira audiência do ex-banqueiro no principado. Tarso vai avaliar uma viagem a Mônaco para acompanhar o caso baseado no relato da diplomata.
Inicialmente programada para ontem, a audiência foi remarcada e deve ocorrer ainda hoje. "Não sabemos se o adiamento derivou do nosso interesse já manifestado na extradição ou se foi uma conveniência do Poder Judiciário local", afirmou Tarso.
Ele avalia que a alteração foi positiva, já que prolonga a detenção de Cacciola por, pelo menos, mais um dia.
Anteontem, o Itamaraty enviou uma nota reafirmando o interesse brasileiro na prisão do italiano e oferecendo um acordo diplomático de reciprocidade. Como os dois países não têm um tratado de extradição, o acordo funciona como uma saída alternativa. Se Mônaco aceitar a proposta e devolver o ex-banqueiro à Justiça brasileira, o Brasil fica comprometido a proceder da mesma forma num caso futuro.
A primeira audiência é considerada decisiva no processo de extradição do ex-banqueiro. Hoje, a Justiça de Mônaco pode concordar com o processo de extradição, pode mantê-lo preso para dar um prazo maior para as autoridades brasileiras ou podem deixar que Cacciola responda em liberdade.
A última alternativa preocupa o governo brasileiro. "Quando ele pediu para responder em liberdade no Brasil, ele fugiu. Me parece que é uma estratégia dele e estamos tentando mostrar isso às autoridades de Mônaco. Se soltar, ele vai fugir de novo", afirmou o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Telles Barreto.


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