São Paulo, segunda-feira, 18 de outubro de 2004

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CAMPANHA NA TV

Tema domina tela; presidente faz elogios aos programas da Prefeitura de São Paulo

Serra e Marta duelam com a saúde; petista põe Lula no ar

RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Num duelo de "câmeras ocultas" mostrando supostos problemas no atendimento em hospitais do Estado e postos do município, as campanhas de José Serra (PSDB) e Marta Suplicy (PT) à Prefeitura de São Paulo elegeram a saúde como principal tema do horário eleitoral de ontem.
A prefeita licenciada começou o primeiro programa, à noite, dizendo que "é preciso implantar" 40 CEUs-Saúde e prometendo criar 30 deles caso seja reeleita. Logo em seguida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento no programa petista, afirmando que os programas de Marta para a periferia "terão todo o nosso apoio e serão tratados como prioridade".
Projetos e obras de Marta -a maioria na área da saúde- foram exibidos, seguidos de um carimbo na tela, onde se lia: "Com a ajuda de Lula". Um eleitor aparece sendo entrevistado na rua e diz que o presidente "vai abrir as torneiras" caso a prefeita seja reeleita.
Marta afirmou que os novos CEUs ajudarão a resolver o problema da saúde na cidade preenchendo uma lacuna não atendida por postos nem por hospitais -exames e consultas com especialistas. "Não foram feitos para isso", disse ela, argumentando que postos servem para solucionar pequenos problemas, e hospitais, emergências e cirurgias.
Uma "câmera oculta" petista mostrou uma atendente de um hospital estadual informando a uma paciente: "Aqui não tem o medicamento, viu?". Logo em seguida, no programa de Serra, uma "câmera oculta" tucana mostrou "uma senhora" que "conheceu o inferno de perto", ao visitar um posto de saúde municipal.
Ela exige aos gritos que o filho, caído no chão, seja atendido. Um funcionário pede para ela ir "gritar lá fora". Não é dito, no programa, qual o suposto problema do rapaz.
A propaganda tucana mostrou ainda "depoimentos" de pessoas que teriam sido beneficiadas pela gestão de Serra no Ministério da Saúde. "Dona Maria" diz que sua última chance era o transplante e foi salva. "Dona Elza" chora e diz: "Serra, só quero te agradecer".
O tucano criticou gastos com "coqueiro" -em alusão às palmeiras plantadas pela prefeita na cidade- que deveriam ir para a saúde. Disse que, "se botar para funcionar direito os quase 400 postos de saúde", o problema "já melhora bastante". "Saúde não é maquete, é gente", criticou Serra, em referência ao projeto petista do CEU-Saúde.
O programa de Marta introduziu um recurso utilizado até aqui com mais desenvoltura pela propaganda tucana -o jingle de ataque. Sobre a melodia da canção "Aurora", sobrepôs a letra: "Se você fosse sincero, ôôôô, seu Serra, me contava do Kassab, ôôôô, seu Serra".
À tarde, a campanha tucana usou inserções na TV para revidar a estratégia rival de ataque ao vice de Serra, Gilberto Kassab (PFL), ex-secretário de Celso Pitta. Fantoches cantaram jingle que também tenta vincular Marta ao ex-prefeito. "O padrinho do Pitta tá com a Marta", diz a letra, em alusão a Paulo Maluf. "Quem fez o Fura-Fila do Pitta também", em referência ao marqueteiro Duda Mendonça.


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