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JANIO DE FREITAS
Na boca do caixa
A ressalva apresentada
para renúncias pelo petista
José Mentor, cujos atos merecedores de investigação vêm desde
sua relatoria na CPI do Banestado, é a antecipação do argumento em que os deputados renunciantes vão apoiar, ano que
vem, suas campanhas de nova
eleição. Se, no caso dos atuais
passíveis de cassação, "a renúncia não é reconhecimento de
culpa", a essa ressalva sobrepõe-se uma evidência indiscutível: a
renúncia não se relaciona a inocência, mas a envolvimento
comprovado em ilicitude, do
qual resulta a possibilidade de
culpa e cassação.
Renunciante ou não, nenhum
dos denunciados na lista das
CPIs explicou jamais -nem foi
assediado para fazê-lo- por
que preferiu que um emissário
seu sacasse o dinheiro proveniente de Valério e Delúbio. A
conduta normal seria pedir ou
providenciar o depósito em sua
conta, tão mais fácil para os deputados, com agência do Banco
do Brasil no Congresso, do que o
saque em dinheiro de centenas
de milhares de reais. O saque
sistemático em dinheiro é, por si
só, uma denúncia de conhecimento prévio de alguma ilicitude no dinheiro ofertado.
A propósito de denúncia e do
mesmo dinheiro, a reação do
PSDB à convocação de Cláudio
Mourão, conseguida pelos petistas da CPI dos Correios, aponta
para um acordo comprometedor. De uma parte, a oposição
evitaria iniciativas incômodas
para a Presidência da República; de outra, como retribuição,
os petistas não insistiriam em
investigar os tais R$ 9,5 milhões
com que Marcos Valério nutriu
em 98 a campanha de Eduardo
Azeredo, então candidato (derrotado) ao governo de Minas e
hoje presidente do PSDB.
Por que o privilégio, pretendido pelos peessedebistas, de resguardar o PSDB? Já feita a convocação "traidora", agora é tentado um acordo para evitar depoimento explosivo, amanhã,
de Cláudio Mourão como ex-tesoureiro da campanha de Azeredo. Depois de tanto esforço e
desgaste para dificultar outras
investigações, nessa o PT poderia dar a compensação de questionamentos capazes de desvendar um pouco os mistérios de
Marcos Valério.
Conjugação
A Amazônia, quem diria, sob
a calamidade de uma seca nordestina. A floresta tropical igualada, pelas queimadas e desmatamento, à caatinga que antes
das suas queimadas e desmatamento foi a floresta atlântica. A
ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, recebe na China o
título de membro honoris causa
da Academia Chinesa de Silvicultura.
Mais de 30 países sustam a
importação de carne brasileira.
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, sintetiza a situação de sua área: "Estamos
no fundo do poço". Em Roma,
Lula recebe da FAO, o setor da
ONU para alimentação e agricultura, a chamada Medalha
Agrícola.
A diplomacia, uma festança
eterna: eu te homenageio, tu me
homenageias, ele nos homenageia. E os que trabalham, pagam.
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