|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO MALUF
País não permite uso de documentos em processo de sonegação fiscal; promotoria reconhece que fato enfraquece denúncia
Juiz ordena retirada de papéis suíços de ação
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz federal convocado do Tribunal Regional Federal da 3ª Região Higino Cinacchi determinou
a retirada provisória dos documentos suíços que integram a
ação penal aberta contra o ex-prefeito Paulo Maluf e quatro familiares. No processo, a família é
acusada por crimes de lavagem de
dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha.
A decisão de Higino Cinacchi
atende a um pedido do próprio
Ministério Público Federal, que
denunciou os Maluf em novembro do ano passado. Apesar de reconhecer que o processo perde a
força sem os papéis bancários suíços, o órgão preferiu acatar a posição defendida pela Suíça, que se
declarou contrariada com o uso
dos documentos feito por autoridades brasileiras.
A decisão do juiz federal é provisória -até o julgamento final
do pedido do Ministério Público,
a documentação suíça ficará
guardada em um cofre.
O problema começou em março do ano passado, quando a Suíça encaminhou ao Brasil cerca de
20 quilos de documentos sobre
contas atribuídas a Maluf e a familiares-no total, o Ministério
Público acredita que os Maluf tenham movimentado cerca de
US$ 446 milhões naquele país.
À época, a Suíça fez um alerta.
Disse que seus papéis não poderiam ser usados em processos de
natureza fiscal, como sonegação.
Por conta disso, a Procuradoria,
ao formular a denúncia (acusação
formal à Justiça), excluiu o crime
de sonegação, mas incluiu a evasão de dividas (remessa ilegal de
dinheiro para o exterior).
A Justiça suíça entendeu que o
crime de evasão imputado ao ex-prefeito tem natureza fiscal e, em
carta enviada ao Brasil no dia 5 de
julho, disse que todos os papéis
deveriam ser devolvidos.
Para evitar um atrito internacional, a Procuradoria resolveu se
posicionar pela exclusão dos documentos. O objetivo do órgão é
mudar o foco do processo. No lugar de evasão, quer processar Maluf pelo crime de corrupção.
O Ministério Público argumenta que a ação irá prosseguir. Além
dos papéis suíços, há documentos
bancários enviados pela França
sobre contas abertas em nome da
mulher de Maluf, Sylvia.
A decisão não afeta a atual situação de Maluf e de seu filho Flávio,
que estão presos na carceragem
da Polícia Federal de São Paulo
desde o dia 10 de setembro.
As prisões preventivas do ex-prefeito e de Flávio foram decretadas em um segundo processo
criminal, aberto neste ano. Os
dois são acusados de terem movimentado de forma ilegal US$ 161
milhões em Nova York.
Texto Anterior: Toda mídia - Nelson de Sá: Corredor da morte Próximo Texto: Judiciário: TRT abre sindicância interna para apurar manipulação de processos Índice
|