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MATO GROSSO DO SUL
Decisão afeta outras oito pessoas, todas suspeitas de irregularidades em licitação em terminal fluvial no Estado
Justiça quebra sigilos de Zeca do PT e irmãos
ANA RAQUEL COPETTI
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM CAMPO GRANDE
A Justiça de Mato Grosso do Sul
determinou a quebra dos sigilos
bancário, telefônico e fiscal do governador do Estado, José Orcírio
Miranda dos Santos, o Zeca do
PT, dos irmãos dele, Ozório Miranda dos Santos e Heitor Miranda dos Santos, do deputado federal Vander Loubet (PT) e de outras sete pessoas e cinco empresas. Todos são suspeitos de envolvimento em supostas irregularidades na licitação que concedeu à
família do governador, por 30
anos, a administração do terminal
fluvial de Porto Murtinho.
A determinação da quebra de
sigilos é do juiz da Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo
Grande, Dorival Moreira dos Santos, e atende ação protocolada em
março de 2004 pelo advogado
Paulo Tadeu Handchen, que representa Esacheu Cipriano Nascimento e Jesus Alfredo, proponentes de uma ação popular que pede
a investigação das suspeitas de
fraude nesse processo licitatório.
Além de Zeca do PT, o juiz pede
a quebra de sigilos de empresários
e autoridades públicas que participaram das negociações envolvendo o Comport, consórcio vencedor da licitação.
O advogado de Zeca do PT e de
Vander Loubet, Valeriano Fontoura, está em Brasília e disse que
deve contestar hoje a competência da Justiça estadual nessa decisão. Segundo ele, "quem deve definir causas envolvendo governador e deputado federal são o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça".
Loubet, na época da privatização do porto, era secretário estadual de Obras e Infra-Estrutura.
Porto de Murtinho
O porto de Murtinho foi entregue pelo governo à iniciativa privada em 2001. De acordo com o
advogado Handchen, em junho
daquele ano a licitação do porto
foi vencida pelo consórcio Comport, formado pela F. Andreis,
empresa do Paraná, e pela Outstanding do Brasil.
No início de 2003, a F. Andreis
cedeu lugar na sociedade a outras
duas empresas. Uma delas, a Integrasul, pertencia a Ozório Miranda dos Santos, irmão do governador, a Fábio Silva dos Santos, sobrinho de Zeca, e a Myrian Conceição Silvestre dos Santos, mulher de Heitor e cunhada de Zeca.
"As mesmas pessoas que decidiram entregar a administração à
iniciativa privada acabaram assumindo o porto em seguida", disse
Handchen. A ação original protocolada pelo advogado pede o cancelamento da licitação e tutela antecipada do porto, mas o julgamento foi adiado para o fim do
processo.
Segundo Handchen, o juiz Dorival Moreira dos Santos decretou
que o processo corra em segredo
de Justiça. A reportagem da Folha
não conseguiu localizar ontem os
outros citados no processo.
Colaborou HUDSON CORRÊA, da Agência Folha, em Brasília
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