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Ministra ajusta compromissos a planos eleitorais
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa clara evidência da disposição do governo de escancarar a campanha para as eleições
de 2010, a ministra e pré-candidata Dilma Rousseff (Casa Civil) tem adaptado, cada vez
mais, sua agenda à política.
Nas últimas semanas, sempre em viagens oficiais, ela foi
estrela de um culto evangélico,
visitou uma igreja para agradecer o fim do tratamento contra
o câncer e esteve na maior festa
religiosa do país, o Círio de Nazaré. Os últimos três dias passou a tiracolo de Lula numa viagem cercada de holofotes às
obras da transposição do rio
São Francisco.
Em Brasília, sua rotina também sucumbiu à política de cunho eleitoral. A ministra tem se
reunido com partidos, parte do
movimento de seu comando de
pré-campanha para fechar desde já com a base aliada compromissos de apoio à disputa do
ano que vem. Em menos de um
mês, a ministra cercou o PDT,
PC do B, o PRB, o PMDB, o
PDT, o PR. Na próxima semana, o alvo será o PP.
A desenvoltura da campanha
petista levantou críticas da
oposição, que a acusa de moldar a agenda institucional em
prol de interesses eleitorais, e
deve motivar ações na Justiça
-o PSDB anunciou que questionará o périplo pelo São
Francisco. "Fazer isso usando a
máquina do governo beira à
corrupção", disse o líder tucano
na Câmara, José Aníbal (SP).
Para especialistas em legislação eleitoral, o terreno é subjetivo, já que a linha que separa as
atividades institucionais das
políticas é bastante tênue.
"A lei eleitoral brasileira é
omissa em relação à pré-campanha. No Brasil, a campanha
começa um ano antes do prazo
legalmente previsto, e não há
nada que regule esta situação",
afirmou o ex-ministro do TSE
(Tribunal Superior Eleitoral)
Torquato Jardim. Disse ainda:
"Não há norma que proíba. Mas
há um fato político que escapa
ao controle da lei".
Relator na Câmara da Lei
Eleitoral recém-aprovada no
Congresso, o deputado Flávio
Dino (PC do B-MA) criticou o
questionamento sobre a face
política da agenda da ministra.
"A política e a administração
estão casadas. E, numa democracia, ainda bem que é assim."
Para ele, a única solução legal
possível a esta questão já foi dada: a adoção do prazo de desincompatibilização, que obriga
ministros candidatos a deixarem seus cargos até abril do ano
da eleição. "A perspectiva criminalizadora é autoritária."
A Casa Civil nega que a agenda da ministra tenha relação
com 2010. A pasta disse que
Dilma foi a eventos religiosos
em nome de Lula e que encontros com parlamentares partiram de pedidos de audiência.
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