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"É apenas uma maquiagem", diz autor do projeto
RICARDO WESTIN
UIRÁ MACHADO
DA REDAÇÃO
Em 1991, o então deputado Hélio Bicudo apresentava um projeto de emenda constitucional que
tornaria a Justiça "ágil e próxima
do povo". Mas quando a reforma
do Judiciário é aprovada, 13 anos
depois, o autor passa a renegá-la.
"Não me agrada nada ter meu
nome nesse projeto. Não tem nada a ver com o que eu apresentei.
Foi desfigurado", reage Bicudo,
hoje vice-prefeito de São Paulo.
Ele enumera os problemas: não
facilita o acesso à Justiça, que se
mantém centralizada; a súmula
vinculante agrada só aos tribunais; os ministros dos tribunais
superiores continuam vitalícios; e
o órgão de controle servirá de pretexto para a criação de outro órgão para fiscalizar o primeiro.
Decepcionado, Bicudo vê um
problema ético no fato de nunca
ter sido chamado pelo Congresso
para discutir as mudanças: "Eu é
que não vou correr atrás. As pessoas que atuam na área devem saber seu comportamento ético".
Ele consegue enxergar avanços,
como a federalização dos crimes
contra os direitos humanos. Mas
isso não muda a impressão geral:
"É uma reforma cosmética, uma
maquiagem, feita só para dizer
que fizeram uma reforma. Os
grandes problemas continuam".
Lentidão
Para o presidente do Superior
Tribunal de Justiça, Edson Vidigal, "a reforma trouxe avanços,
ainda que de forma bastante tímida". Ele destaca a criação de juizados federais itinerantes e do Conselho Nacional de Justiça como
pontos positivos, mas completa:
"Vamos bater forte na lentidão. A
reforma não se esgotou".
Para Cláudio Maciel, presidente
da Associação dos Magistrados
Brasileiros, "a reforma é positiva
diante da expectativa limitada".
Para ele, o único avanço é a "regra
da repercussão geral", pela qual o
Supremo pode abrir mão de julgar causas de interesse exclusivo
das partes envolvidas.
O presidente da OAB, Roberto
Busato, disse que as decisões do
Conselho Nacional de Justiça
contra juízes corruptos ou negligentes terão "um grau de corporativismo bem abaixo do atual".
Para o presidente da seccional
paulista da OAB, Luiz Flávio Borges D'Urso, a reforma "é um
grande avanço sob vários aspectos, mas pífia do ponto de vista de
acelerar o tempo do processo".
Para o ministro Márcio Thomaz
Bastos (Justiça), "marca um salto
de qualidade na história do Brasil". Disse que o governo enviará
projetos de lei que alteram os códigos de processo civil e penal para dar mais rapidez à Justiça.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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