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SOB PRESSÃO
Em reunião, base aliada avalia que Executivo perdeu a credibilidade
Com verba, Câmara vota MP, mas a crise continua
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma trégua conseguida
após cinco horas de reunião, a Câmara aprovou ontem uma MP
(medida provisória), depois de 29
dias sem votações. Mas a rebelião
de partidos governistas contra o
Planalto segue sem solução.
A crise não arrefeceu nem mesmo com a publicação no "Diário
Oficial" da União, ontem, de uma
portaria do Ministério da Fazenda direcionando R$ 260 milhões
para os ministérios liberarem as
verbas das emendas feitas por
parlamentares ao Orçamento. O
dinheiro se soma a R$ 168 milhões
que seriam liberados diretamente
pelo Ministério da Saúde.
Em reunião entre os líderes da
base governista foi repetida uma
avaliação de que há "uma crise de
credibilidade clara" do governo
em relação à base de sustentação.
Apesar do embate, a MP 197 foi
analisada porque irá para o arquivo caso não seja votada pelo Congresso até a próxima segunda. Ela
cria um programa de financiamento para aquisição de máquinas de até dez anos de uso e é um
dos principais pontos da política
industrial do governo. Agora, tem
de passar por votação no Senado.
O motim contra o Planalto teve
início após as eleições. É liderado
pelos governistas PMDB, PTB, PP
e PL, que somam 44% do total de
deputados da Câmara. Em consenso, eles reclamam no atraso da
liberação das emendas parlamentares, que são o instrumento usado pelos congressistas para direcionar verbas para seus redutos.
PMDB e o PP, principalmente,
insistem em impedir as votações.
O PP reivindica o cumprimento,
pelo governo, da efetivação de indicados pelo partido para cargos
federais. Já o PMDB cobra um claro sepultamento da emenda que
permitiria a reeleição das atuais
presidências da Câmara e do Senado. O grande articulador da
proposta, o presidente da Câmara, João Paulo (PT-SP), declarou
ontem que não trabalha com a
possibilidade de votar a emenda,
mas os peemedebistas cobram
um compromisso categórico.
"Se depender de mim, não tem
reeleição. Eu estou dizendo isso
há meses", disse aos jornalistas,
que insistiram na pergunta.
"Vocês não estão acostumados
com a sinceridade transparente e
absoluta. Vocês não estão acostumados com isso. Quando eu falo
vocês ficam ressabiados", disse,
após nova negativa.
Mais tarde, no plenário da tribuna, João Paulo apresentou uma
pauta de votações até o final do
ano que não inclui a reeleição.
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