São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2004

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SOB PRESSÃO

Em reunião, base aliada avalia que Executivo perdeu a credibilidade

Com verba, Câmara vota MP, mas a crise continua

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em uma trégua conseguida após cinco horas de reunião, a Câmara aprovou ontem uma MP (medida provisória), depois de 29 dias sem votações. Mas a rebelião de partidos governistas contra o Planalto segue sem solução.
A crise não arrefeceu nem mesmo com a publicação no "Diário Oficial" da União, ontem, de uma portaria do Ministério da Fazenda direcionando R$ 260 milhões para os ministérios liberarem as verbas das emendas feitas por parlamentares ao Orçamento. O dinheiro se soma a R$ 168 milhões que seriam liberados diretamente pelo Ministério da Saúde.
Em reunião entre os líderes da base governista foi repetida uma avaliação de que há "uma crise de credibilidade clara" do governo em relação à base de sustentação.
Apesar do embate, a MP 197 foi analisada porque irá para o arquivo caso não seja votada pelo Congresso até a próxima segunda. Ela cria um programa de financiamento para aquisição de máquinas de até dez anos de uso e é um dos principais pontos da política industrial do governo. Agora, tem de passar por votação no Senado.
O motim contra o Planalto teve início após as eleições. É liderado pelos governistas PMDB, PTB, PP e PL, que somam 44% do total de deputados da Câmara. Em consenso, eles reclamam no atraso da liberação das emendas parlamentares, que são o instrumento usado pelos congressistas para direcionar verbas para seus redutos.
PMDB e o PP, principalmente, insistem em impedir as votações. O PP reivindica o cumprimento, pelo governo, da efetivação de indicados pelo partido para cargos federais. Já o PMDB cobra um claro sepultamento da emenda que permitiria a reeleição das atuais presidências da Câmara e do Senado. O grande articulador da proposta, o presidente da Câmara, João Paulo (PT-SP), declarou ontem que não trabalha com a possibilidade de votar a emenda, mas os peemedebistas cobram um compromisso categórico.
"Se depender de mim, não tem reeleição. Eu estou dizendo isso há meses", disse aos jornalistas, que insistiram na pergunta.
"Vocês não estão acostumados com a sinceridade transparente e absoluta. Vocês não estão acostumados com isso. Quando eu falo vocês ficam ressabiados", disse, após nova negativa.
Mais tarde, no plenário da tribuna, João Paulo apresentou uma pauta de votações até o final do ano que não inclui a reeleição.


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