São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2004

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Lula marca almoço e jantar para reverter a insatisfação do PMDB

Lula Marques/Folha Imagem
Aldo Rebelo e Michel Temer no Ristorante Vila Tevere, em Brasília


FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Convencido de que dessa vez o PMDB não está blefando, o governo entrou de vez em campo para tentar reverter a saída do partido da base aliada. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai almoçar e jantar com as bancadas da legenda na Câmara e no Senado.
Em reunião da Executiva Nacional com líderes partidários, foi marcada uma convenção no próximo dia 12 para decidir sobre a permanência no governo. Os peemedebistas se dividem entre os que querem continuar, os que querem ser oposição e os que querem entregar os cargos, mas sem ir para a oposição.
O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), que nos últimos dias fez três reuniões com integrantes da ala governista do PMDB, almoçou ontem com o presidente do partido, Michel Temer, defensor da tese de oposição.
Ao marcar o encontro com os congressistas, Lula quer tentar convencê-los a votar projetos que o governo considera importantes e falar na questão da coligação para 2006. O almoço com os deputados, marcado para amanhã, deve ficar para quarta. O jantar com os senadores também estava marcado para amanhã, mas há também a possibilidade de ser adiado.
Setores do governo, como o ministro José Dirceu (Casa Civil), achavam até ontem que o PMDB só queria ganhar mais cargos no governo. "Não queremos espaço no governo. O que o PMDB está pleiteando no momento é perder espaço", declarou Temer. O partido possui dois ministérios, Comunicações e Previdência, e alguns cargos de segundo escalão, como a presidência do INSS.
No esforço para segurar o PMDB, Rebelo ligaria ontem para o ex-secretário de Segurança Pública do Rio Anthony Garotinho e almoçaria hoje com o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique.
Os governadores estão defendendo a independência do partido motivados pelos cenários locais, onde têm o PT como adversário. Além da candidatura própria à Presidência, os peemedebistas que defendem a ida para a oposição estão querendo garantir espaço nos Estados em 2006.
Outra queixa do partido é que ele seria um aliado de segundo escalão, que não participaria das decisões do governo. "Essa é uma observação legítima e procedente. De fato o PMDB poderia contribuir muito mais para as realizações do governo Lula", afirmou Rebelo, na frente de Temer.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), única voz a se opor à saída do partido do governo na reunião da Executiva, defendeu ontem o adiamento da convenção nacional que decidirá o caminho para o partido. "É prudente [adiar]. A questão não está madura para ser alvo de uma decisão de convenção", disse ele. Já Temer descartou a possibilidade de adiar a convenção do partido.


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