LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma filha e um genro do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf (PP) foram indiciados ontem pela Polícia Federal sob a acusação de cinco crimes: lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, sonegação fiscal, evasão de divisas e peculato (apropriação de bem público por servidor).
Lígia Maluf Curi e Maurílio Curi foram ouvidos na manhã de ontem na sede da PF em São Paulo. Questionados sobre envio de dinheiro ao exterior, recorreram ao direito de só falar na Justiça.
A mulher de Maluf, Sylvia, também foi interrogada. Ela foi a única a falar. Disse que é uma dona-de-casa e apenas assina documentos a pedido do ex-prefeito, sem ter conhecimento do teor dos papéis. Ela não foi indiciada.
Procurado ontem pela Folha, o assessor de imprensa do ex-prefeito, Adilson Laranjeira, disse que a família Maluf não tem contas fora do país. Afirmou que apenas Sylvia tem uma conta bancária na França e que essa conta foi declarada no Imposto de Renda.
Há mais de dois anos, os Maluf são investigados por envio de milhões de dólares ao exterior. Só na Suíça, o Ministério Público estima movimentação de cerca de US$ 446 milhões. Para o órgão, as contas receberam recursos desviados de obras públicas na gestão de Maluf como prefeito (93-96).
O indiciamento significa que a polícia acredita ter reunido indícios suficientes para que o Ministério Público ofereça uma denúncia (acusação formal) à Justiça.
Em 15 de outubro, Maluf e o filho Flávio foram indiciados pelos mesmos cinco crimes. No interrogatório, os dois se mantiveram em silêncio. Otávio e Lina, outros dois filhos, não serão convocados para depor. Segundo os documentos bancários enviados pela Suíça ao Brasil, não há registro de movimentações feitas por eles.
Hoje, os Maluf são réus em ação cível oferecida pela Promotoria da Cidadania de São Paulo, que os acusa de enriquecimento ilícito e pede aplicação de multa e devolução dos US$ 446 milhões supostamente movimentados na Suíça.

Exame
Ontem, Maluf anunciou via e-mail enviado à imprensa que fará hoje exame de coração no hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
Segundo sua assessoria, o exame é de rotina e será coordenado pelo cardiologista Roberto Kalil, que cuida da saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao menos uma vez por ano, Maluf se submete a avaliações de saúde. Mas, pelo menos no ano passado, a realização de tal exame não foi informada à imprensa.


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