São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2004

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NINHO TUCANO

Prefeito eleito diz a interlocutores que assunto só será tratado em janeiro; para Alckmin, escolha é de "foro íntimo"

Serra adia decisão sobre comando do PSDB

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O prefeito eleito de São Paulo, José Serra, avisou ontem a interlocutores que ficará até janeiro na presidência nacional do PSDB. "Não há decisão em contrário", disse ontem à saída da reunião da Executiva Nacional do partido, em Brasília.
Argumentando que seus aliados recomendam que acumule as funções, Serra informou a interlocutores que só depois da posse na prefeitura tomará uma decisão. Com isso, ganha mais tempo para decidir e para tentar contornar divergências internas, que preferem ver na função o senador Eduardo Azeredo (MG), primeiro-vice-presidente do partido.
Se a troca ocorresse, o PSDB paulista ficaria enfraquecido. Porém, há avaliações de que o acúmulo da função com a prefeitura a partir de janeiro fortaleceria Serra, desequilibrando o partido.
Na reunião de ontem o assunto da sucessão na presidência do partido nem sequer foi mencionado. O tema, ainda de acordo com tucanos, foi objeto de uma conversa entre Serra e Azeredo.
A ele, o prefeito eleito de São Paulo teria dito que tomará sua decisão em janeiro.
Embora os tucanos digam que esse não é o alvo de atenção, a sucessão no partido esteve à mesa do almoço entre o governador de Minas, Aécio Neves, e nove senadores do PSDB no gabinete de Tasso Jereissati (CE). No almoço, o assunto teria sido abordado pelo líder Arthur Virgílio Neto (AM). Segundo um participante, os senadores concordaram que é difícil acumular os dois cargos.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse, em São Paulo, que considera "uma decisão de foro íntimo" a decisão de Serra de permanecer ou não na presidência do PSDB. "Achar que dá para acumular ou não é uma questão de foro íntimo do prefeito eleito."
Alckmin negou que tenha alguma objeção a que Azeredo assuma a presidência. "É importante esclarecer o que alguns jornais divulgaram hoje [ontem], que não gostaríamos que o Azeredo assumisse pelo fato de ser mineiro. Imagine", afirmou.
Discurso semelhante foi adotado pelo governador de Minas. "Essa não é uma questão que preocupa o PSDB neste instante", afirmou, em entrevista. "A meu ver, é, vamos dizer, uma divisão que não existe. Caberá ao presidente Serra e ao prefeito Serra avaliar como encaminhar esta questão da melhor maneira."
(LEILA SUWWAN e CHICO DE GOIS)


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