São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2004

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SEGREDO DO PODER

Coutinho diz proteger mulher que fez relato

Diretor tira cena sobre hábito de Lula de beber

DA REPORTAGEM LOCAL

O cineasta Eduardo Coutinho, autor do documentário "Peões", tomou o que chama de "decisão tardia": cortar uma cena de seu filme em que uma colega de Luiz Inácio Lula da Silva nos tempos de sindicato afirma que o presidente "bebia mesmo", a ponto ter "um garrafão" no armário de sua sala no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo (SP).
Coutinho disse que a decisão foi motivada pela preocupação de proteger "a personagem", e não o "objeto, que é o Lula". Segundo o cineasta, ela poderia ser vista pelo sindicato como uma "traidora de classe". A declaração foi feita anteontem, em São Paulo, após a apresentação de outro filme produzido na eleição de 2002, "Entreatos", de João Moreira Salles.
O filme de Coutinho conta as trajetórias de ex-companheiros do presidente, desde os tempos do sindicato, no final da década de 70, até os dias atuais. A personagem em questão, Luíza, era, e ainda é, a responsável pela lanchonete do sindicato.
Desde que o tema dos supostos hábitos alcoólicos do presidente vieram à tona, após uma reportagem do "New York Times" neste ano, Coutinho vem recebendo, segundo disse, pedidos para a retirada da cena.
"Foi uma decisão tardia", disse, acrescentando que custou a perceber que a manutenção da cena poderia ser fatal para a personagem. "Ela se sentiria traidora do cara que ela admira, que é o Lula."
"Em função dessa preocupação, tomei a decisão de, pela primeira vez em 20 anos, ter um filme prontinho e tirar um plano. É uma visão absolutamente soberana, que será explorada pela imprensa." (RAFAEL CARIELLO E TEREZA NOVAES)


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