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Ministro se diz "triste" e pede desculpas por "estilo briguento" do PT na oposição
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu depoimento no Senado,
só concluído à 1h05 de ontem, o
ministro Antonio Palocci (Fazenda) se disse "triste" com a descoberta de ilícitos envolvendo o PT e
o governo, pediu cuidado nas investigações e fez um mea-culpa
em relação ao comportamento
passado de seu partido.
"Se erros foram cometidos, eu
estou aqui para assumir a minha
parte deles. Se nós não lidamos
adequadamente com todas as
questões colocadas, estou aqui
para assumir a minha parte desses erros", afirmou o ministro.
Nas quase dez horas de sessão
na Comissão de Assuntos Econômicos, Palocci não teve a oportunidade de, como pretendia, responder às acusações que pesam
contra si e ex-assessores na Prefeitura de Ribeirão Preto -e evitar
depor na CPI dos Bingos.
Como a oposição se recusou a
inquiri-lo, Palocci só pôde abordar os casos, superficialmente, na
segunda metade de sua exposição
inicial de 50 minutos. A outra
oportunidade, já perto do final do
depoimento, foi quando o senador Pedro Simon (PMDB-RS) criticou as tentativas do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva de pôr
fim às investigações das CPIs.
Palocci preferiu uma resposta
genérica. "Ouvi com muita atenção suas colocações e vou transmiti-las ao presidente Lula."
"Só não sou pessimista talvez
como o senhor em relação não só
ao governo e às coisas que ocorreram mas em relação ao resultado
dessas questões. Eu também estou triste com o que ocorreu.
Questões que envolveram nosso
partido, que envolveram pessoas,
nos entristecem, mas não me desanimam", completou.
Mea-culpa
Como fez ao longo de todo o depoimento, Palocci adotou um
tom humilde e conciliador, em especial com a oposição. Quando
respondeu a Simon, aproveitou
para pedir desculpas pelo comportamento do PT nos tempos de
oposição, quando o partido se notabilizou pela agressividade nas
denúncias de corrupção.
"Eu, como membro de um partido que foi extremamente aguerrido na oposição, só posso fazer
um mea-culpa. Alguns de vocês
[senadores] talvez tenham sofrido com o estilo briguento do PT
em relação a apurar, a denunciar", disse. E suavizou: "Faz parte
de uma construção democrática".
Pediu que tudo seja apurado,
mas "de maneira objetiva" e "séria". "Tenho a certeza de que se isso for feito de maneira correta, de
maneira adequada, o Brasil vai estar melhor depois disso."
A suavidade com a oposição,
com a qual trocou elogios pela
implantação e condução da política econômica, mereceu críticas da
senadora petista Ana Júlia Carepa
(PA). Segundo ela, tucanos e pefelistas deram um "abraço de urso"
no ministro, ao manter as críticas
à escassez de investimentos públicos e a estratégia de desgastar o
governo.
Outra petista, Ideli Salvatti (SC),
aconselhou Palocci a depor logo
na CPI. "Se eu tiver que ainda
apanhar um pouco mais, será minha contribuição nesse processo
político", respondeu o ministro.
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