São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 2005

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Ministro se diz "triste" e pede desculpas por "estilo briguento" do PT na oposição

GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu depoimento no Senado, só concluído à 1h05 de ontem, o ministro Antonio Palocci (Fazenda) se disse "triste" com a descoberta de ilícitos envolvendo o PT e o governo, pediu cuidado nas investigações e fez um mea-culpa em relação ao comportamento passado de seu partido.
"Se erros foram cometidos, eu estou aqui para assumir a minha parte deles. Se nós não lidamos adequadamente com todas as questões colocadas, estou aqui para assumir a minha parte desses erros", afirmou o ministro.
Nas quase dez horas de sessão na Comissão de Assuntos Econômicos, Palocci não teve a oportunidade de, como pretendia, responder às acusações que pesam contra si e ex-assessores na Prefeitura de Ribeirão Preto -e evitar depor na CPI dos Bingos.
Como a oposição se recusou a inquiri-lo, Palocci só pôde abordar os casos, superficialmente, na segunda metade de sua exposição inicial de 50 minutos. A outra oportunidade, já perto do final do depoimento, foi quando o senador Pedro Simon (PMDB-RS) criticou as tentativas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de pôr fim às investigações das CPIs.
Palocci preferiu uma resposta genérica. "Ouvi com muita atenção suas colocações e vou transmiti-las ao presidente Lula."
"Só não sou pessimista talvez como o senhor em relação não só ao governo e às coisas que ocorreram mas em relação ao resultado dessas questões. Eu também estou triste com o que ocorreu. Questões que envolveram nosso partido, que envolveram pessoas, nos entristecem, mas não me desanimam", completou.

Mea-culpa
Como fez ao longo de todo o depoimento, Palocci adotou um tom humilde e conciliador, em especial com a oposição. Quando respondeu a Simon, aproveitou para pedir desculpas pelo comportamento do PT nos tempos de oposição, quando o partido se notabilizou pela agressividade nas denúncias de corrupção.
"Eu, como membro de um partido que foi extremamente aguerrido na oposição, só posso fazer um mea-culpa. Alguns de vocês [senadores] talvez tenham sofrido com o estilo briguento do PT em relação a apurar, a denunciar", disse. E suavizou: "Faz parte de uma construção democrática".
Pediu que tudo seja apurado, mas "de maneira objetiva" e "séria". "Tenho a certeza de que se isso for feito de maneira correta, de maneira adequada, o Brasil vai estar melhor depois disso."
A suavidade com a oposição, com a qual trocou elogios pela implantação e condução da política econômica, mereceu críticas da senadora petista Ana Júlia Carepa (PA). Segundo ela, tucanos e pefelistas deram um "abraço de urso" no ministro, ao manter as críticas à escassez de investimentos públicos e a estratégia de desgastar o governo.
Outra petista, Ideli Salvatti (SC), aconselhou Palocci a depor logo na CPI. "Se eu tiver que ainda apanhar um pouco mais, será minha contribuição nesse processo político", respondeu o ministro.


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