São Paulo, quarta, 18 de novembro de 1998

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"REPÚBLICA DE ALAGOAS"
Assessores e amigos do ex-presidente Fernando Collor se unem para atacar políticos tucanos
"Colloridos" montam rede sobre dossiê

XICO SÁ
da Reportagem Local


O ex-presidente do Banco do Brasil Lafaiete Coutinho e o ex-presidente Fernando Collor (1990-92) negam qualquer envolvimento no caso, mas uma rede de amigos, assessores e ex-colaboradores "colloridos" empenha-se diariamente em divulgar supostas novas informações sobre o "Dossiê Caribe".
Além de procurar políticos e jornalistas para espalhar as suas versões, os "colloridos" publicam na "Gazeta de Alagoas", jornal da família de Collor, notas que afirmam, sem ressalvas, que a CH, J & T foi aberta pelo ministro Sérgio Motta (Comunicações), morto em abril deste ano.
A empresa, localizada no paraíso fiscal das Ilhas Cayman, segundo o dossiê de documentos de autenticidade não comprovada, pertenceria a Motta, ao presidente Fernando Henrique Cardoso, ao ministro José Serra (Saúde) e ao governador reeleito do Estado de São Paulo, Mário Covas.
Segundo o ex-porta voz da Presidência Cláudio Humberto (governo Collor), em nota que publicou na edição de ontem do jornal do ex-presidente Collor, a CH, J & T funciona como um banco de investimentos.
O ex-porta-voz da Presidência, que mantém uma coluna diária no jornal, é o mais atuante da chamada "tropa collorida". Para fazer o seu serviço, conta também com a colaboração, segundo apurou a Folha, do próprio ex-presidente, que prefere negar qualquer envolvimento.
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Conexão com Maluf
No seu trabalho, a equipe aliada a Collor tem recorrido também a informações que tiveram como origem, no passado, o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), como a vinculação do nome de Sérgio Motta com o do empresário José Amaro Pinto Ramos.
Maluf, que deve ser ouvido pela Polícia Federal sobre o caso do dossiê, costumava chamar o ministro de "Sérgio Pinto Ramos Motta", insinuando que os dois mantinham uma sociedade.
O empresário é dono da Epcint, uma empresa de São Paulo especializada em obter financiamentos no exterior para projetos brasileiros na área de energia elétrica.
"Pode assumir papel importante nas investigações do Esquema Serjão o cidadão luso-brasileiro José Amaro Pinto Ramos", relatou a "Gazeta de Alagoas", em nota.
O empresário disse à Folha que o jornal alagoano estava mal informado. "Eles (aliados de Collor) querem me atribuir o papel de guru de contas no exterior, mas infelizmente não é esse o meu serviço", ironizou Pinto Ramos.



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