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Verba federal para Record cresce sob Lula
Aumento coincide com a reestruturação de programas e a saída de Boris Casoy; Planalto se aproximou da Universal
Globo é líder de audiência e recebe a maior fatia dos repasses estatais federais; Lula foi mais generoso que FHC com a emissora de TV
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Números inéditos sobre investimentos publicitários estatais federais mostram a Rede Record como a única emissora
de TV neste ano a registrar um
aumento com esse tipo de faturamento -computados os dados até o final de novembro.
Esse crescimento da emissora ligada à Igreja Universal do
Reino de Deus coincidiu com a
reestruturação de sua grade de
programação, mas também
com a saída, em 2005, do jornalista Boris Casoy. À época, a demissão do âncora foi atribuída a pressões do Palácio do Planalto
-algo sempre negado pelo governo e pela emissora.
De 2003 para cá, houve também uma progressiva aproximação entre o Palácio, a Igreja Universal, o PRB (sigla ligada a
essa religião) e a TV Record.
No fim de 2005, o vice-presidente José Alencar se filiou ao
PRB, coligado ao PT de Luiz
Inácio Lula da Silva na eleição.
De janeiro a novembro deste
ano, a Record já recebeu R$
61,2 milhões em verbas publicitárias estatais federais das administrações direta e indireta.
A cifra equivale a um aumento
de 12,1% sobre o ano de 2005.
Todas as outras grandes
emissoras de TV registravam
até novembro uma queda de
verbas de publicidade estatal
federal na comparação com o
ano passado. É natural que
ocorra essa queda em anos eleitorais, pois o governo fica impedido de fazer determinados tipos propaganda. Ainda assim,
a restrição não afetou a Record.
A emissora é a única grande
rede a avançar constantemente
em volume de verbas estatais
no governo Lula. Confrontada
com os dados, a Record diz que
a variação é natural, pois sua
audiência também aumentou.
Os números sobre publicidade estatal mostram a TV Globo
muito à frente das demais. A
novidade fica por conta da Record, que se aproximou como
nunca da sempre segunda colocada, o SBT de Silvio Santos.
No primeiro ano do governo
Lula, em 2003, a Record teve
R$ 24,8 milhões de receita com
publicidade estatal federal. O
SBT abocanhou nesse mesmo
ano R$ 59,8 milhões. A diferença entre ambas era de R$ 35 milhões (atualizado pelo IPCA).
Neste ano de 2006, a Record
já faturou R$ 61,2 milhões do
governo Lula contra R$ 71,2
milhões do SBT. A diferença
caiu para R$ 10 milhões.
Chama a atenção o valor que
cada emissora recebe comparado ao total que o governo entrega para todas as TVs. Em 2003,
a Record só ficou com 6% dos
R$ 568,5 milhões de dinheiro
público gasto com emissoras
televisivas. Ao SBT coube
14,5%. Agora, a Record tem
12,8% e o SBT fica com 14,8%.
Audiência X verbas
Esses percentuais atuais da
Record e do SBT não são idênticos à audiência dessas emissoras, segundo dados do Ibope.
Neste ano, até novembro, a Record teve um "share" de audiência nacional de 11% -isto é,
de todos os televisores ligados,
na média, 11% sintonizavam essa emissora. O SBT teve 17%.
Como a Record fica com
12,8% da publicidade federal
estatal, recebe proporcionalmente mais verbas do que oferece de audiência. Com o SBT ocorre o inverso: tem 14,8% das
verbas para audiência de 17%.
Ainda donatária do maior volume de recursos, a Globo teve
altos e baixos com Lula no poder, mas sempre melhor do que
no final do período de Fernando Henrique Cardoso. Em 2001
e 2002, a Globo teve 49,9% e
52,6% do total das verbas, respectivamente. Sob Lula, chegou a 61,1% em 2003, e 56,5% até novembro deste ano.
Líder absoluta, a Globo recebe em publicidade mais do que
atrai de telespectadores. Neste
ano, o "share" é de 53% -3,5
pontos percentuais abaixo da
publicidade que abocanha.
Antes de chegar ao poder, o
PT e o presidente Lula criticavam os altos gastos com publicidade. Ao tomar posse, Lula repetiu a política de FHC. O tucano teve seu pico de gastos em
2001 (R$ 858,8 milhões investidos). Lula o ultrapassou: R$
978,8 milhões em 2004 e R$
888,4 milhões em 2005. Os valores estão atualizados pelo IPCA. O governo apresenta os dados atualizados pelo IGP-M, o
que distorce a evolução devido
à variação do dólar.
Colaborou LAURA MATTOS, da Reportagem
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