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Sindicatos rejeitam redução de impostos sobre banda larga
Apesar de o país ser recordista mundial de carga tributária no setor, entidades temem que empresas aumentem os seus lucros
Propostas consideradas ainda mais polêmicas, que tratavam do controle social da mídia, acabaram sendo derrubadas em votação
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Todas as propostas para desoneração de taxas e tributos
sobre telefonia e banda larga
foram rejeitadas por representantes de sindicatos, ONGs e
associações de rádios comunitárias no encerramento da primeira Conferência Nacional de
Comunicação, a Confecom, que
não tem poder para impor mudanças, mas recomendá-las.
Embora o Brasil tenha uma
das maiores cargas tributárias
sobre serviços de telecomunicações no mundo (43%, em média, ou R$ 40 bilhões ao ano), a
proposta foi rejeitada porque a
diminuição de impostos foi vista pelas entidades como uma
abertura para que as empresas
embolsassem mais dinheiro.
Os dirigentes da Telebrasil e
da Abrafix (associações representantes das teles) foram vaiados ao defender a redução.
Além de recusar a diminuição tributária, as entidades
propuseram outro imposto, sobre a venda de televisores e
aparelhos de rádio, para um
fundo de fomento para emissoras públicas e comunitárias.
A conferência não aprovou as
propostas mais radicais de controle social sobre a mídia, mas
houve surpresas no final do dia,
como a aprovação da proposta
de reduzir de 30% para 10% o
limite de capital estrangeiro
nas empresas do setor.
O regimento exigia quorum
de no mínimo 60% dos votos
para aprovação dos temas considerados sensíveis tanto pelos
sindicalistas quanto pelas entidades empresariais que participaram do evento: a Telebrasil,
em nome das companhias telefônicas, e a Abra, representante
da RedeTV! e da Bandeirantes.
Em agosto, 6 das 8 associações de empresas de comunicação que integravam a comissão
organizadora da conferência
abandonaram o evento.
A Telebrasil e a Abra fizeram
um pacto para apoiar as propostas de interesse mútuo e
exigir quorum qualificado nas
votações contrárias a seus interesses. Assim, vetaram duas
propostas caras ao meio sindical: a revitalização da Telebrás
e a separação da infraestrutura
das redes das telefônicas em
uma empresa independente,
para estimular a competição.
Por outro lado, passaram
sem reação das empresas propostas como a descriminalização das rádios piratas. Também
foi aprovada a proibição de aluguel de espaços na grade de
programação das emissoras e o
arrendamento de canais.
O vice-presidente da Rede
Bandeirantes, Walter Ceneviva, disse que a empresa não se
opôs à proposta porque o aluguel de espaços e o arrendamento de canais já são proibidos por lei. O grupo é acusado
de alugar 22 horas diárias em
seu Canal 21 para a Igreja Mundial do Poder de Deus. A empresa alega que ela é que compra o conteúdo da igreja.
Repúdio
A Confecom aprovou moções
de repúdio ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP),
ao senador Gilvam Borges
(PMDB-AP) e ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Sarney por "patrocinar o cerceamento da liberdade de expressão". A moção ao STF é por
causa da decisão de acabar com
a exigência de diploma para
jornalista. E ao senador Gilvam
Borges, pela utilização indevida
dos meios de comunicação que
pertenceriam à sua família.
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