|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RESPONSABILIDADE FISCAL
Câmara deve votar texto hoje; governo pode alterá-lo
Lei condiciona reajuste a arrecadação de impostos
SÍLVIA MUGNATTO
da Sucursal de Brasília
A Lei de Responsabilidade Fiscal, que deverá ser votada hoje no
Congresso, proíbe reajustes dos
salários do funcionalismo público, dos benefícios previdenciários
ou de qualquer despesa com duração superior a dois anos. O aumento só poderá acontecer se
houver elevação de impostos ou
contribuições.
O deputado Sérgio Miranda
(PC do B-MG), membro da comissão que analisou o projeto da
lei, disse ontem que a proibição é
"absurda" porque não leva em
conta o aumento natural da arrecadação de impostos em razão do
crescimento do PIB (conjunto das
riquezas produzidas pelo país),
por exemplo.
Modificação
A assessora do Ministério do
Planejamento, Selene Nunes, disse que o governo vai sugerir, no
plenário, a modificação do dispositivo para assegurar, por exemplo, a manutenção do valor real
dos benefícios previdenciários.
Mas explicou que continuarão
proibidos reajustes acima da inflação.
"As despesas também aumentam com o crescimento econômico e o governo não pode se comprometer com reajustes que teriam de ser pagos com crescimentos futuros", afirmou.
O deputado criticou a prioridade que o governo dá ao pagamento dos juros da dívida pública na
lei. "Todo o projeto se baseia na
geração de superávits primários
(economia de receitas para pagamento de juros). Esse foi o acordo
do governo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional). Agora,
o governo quer transformar uma
política econômica em direito positivo", disse.
Crimes
Miranda também não concorda
com a instituição do crime de responsabilidade fiscal. Um projeto
de lei ordinária define penas de
até quatro anos de prisão para os
prefeitos, governadores e presidentes da República que forem
condenados por esse crime.
Segundo o deputado, o administrador que não demitir funcionários por uma questão de responsabilidade fiscal poderá pegar
de um a quatro anos de prisão.
"Um representante do governo
alemão disse na comissão que nenhum país do mundo tem esse tipo de crime", disse.
O projeto que define os crimes,
relatado pelo deputado Nelson
Otoch (PSDB-CE), prevê 11 tipos
de situações nas quais os administradores poderão ser condenados
por crime de responsabilidade fiscal. Um exemplo é o aumento de
despesas com pessoal nos seis
meses anteriores ao final do mandato.
Texto Anterior: Elio Gaspari: Peito de mulher não é caso de polícia Próximo Texto: O que diz o projeto Índice
|