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São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 2003

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QUESTÃO AGRÁRIA

Superintendentes regionais são ligados ao sindicalismo, à ala esquerda petista ou à Igreja Católica

Incra nos Estados será chefiado por MST, CUT e pastoral

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sob Luiz Inácio Lula da Silva, o Incra virou extensão do MST, da CUT, da ala esquerda do PT e da corrente progressista da Igreja Católica. Divulgaram-se na segunda-feira os nomes de 20 superintendentes do Incra. O loteamento de cargos guiou-se por critérios ideológicos.
Mesmo em áreas onde o conflito fundiário é mais denso, o governo fez opção por um dos lados: o dos movimentos sociais. No Pará, por exemplo, o superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) será José Roberto Oliveira Faro, presidente regional da Central Única dos Trabalhadores.
Em São Paulo, o Incra será chefiado por Raimundo Pires da Silva. É ex-assessor da Concrab (Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil), braços do MST. A indicação foi uma vitória da ala do MST liderada por Gilmar Mauro, que se contrapõe à liderança de José Rainha Jr. no Pontal do Paranapanema.
Em Pernambuco, foi nomeado João Farias de Paula Jr., ex-assessor do MST. Foi apadrinhado, entre outros, por Jaime Amorim, influente e polêmico líder do MST.
No Incra do Paraná, acomodou-se Celso Lisboa de Lacerda. Prestou assessoria a cooperativas controladas pelo MST. Encontrará na superintendência dados levantados em inquéritos da PF sobre suspeitas de desvio de verba.
Chama-se Júlio Cezar Ramalho Ramos o comandante do Incra na Paraíba. Sob FHC, foi exonerado do mesmo posto. Advogado, prestou serviços a sindicatos e federações de trabalhadores rurais.
O Incra gaúcho foi confiado a César Fernando Schiavon Andrighi. Trabalhou na Secretaria da Agricultura e Abastecimento do governo petista de Olívio Dutra. Antes, foi supervisor do projeto Lumiar, extinto sob FHC. Constatou-se em sindicância que parte dos técnicos do projeto, em vez de assessorar os assentados, coletavam dinheiro para o MST.
Em Tocantins, entregou-se o Incra a José Cardoso, secretário regional de política do PT. Em Minas, a Marcos Helênio Leoni Pena, duas vezes deputado estadual pelo PT. No Amazonas, a João Pedro Gonçalves da Costa, presidente do diretório estadual.
No Ceará, o gestor será Eduardo Martins Barbosa. Apadrinhou-o o movimento sindical de trabalhadores rurais. Em Sergipe, o sindicalismo dos servidores do Incra emplacou Carlos Antônio de Siqueira Fontenele. No Rio Grande do Norte, nomeou-se Cesar José de Oliveira, assessor técnico da Associação de Apoio às Comunidades do Campo.
Dois nomeados têm perfis tidos como ponderados: José Angelino Barbosa, do DF, um técnico da Conab; e Olavo Nienow, de Rondônia, especialista em agricultura familiar e consultor da ONU.


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