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QUESTÃO AGRÁRIA
Superintendentes regionais são ligados ao sindicalismo, à ala esquerda petista ou à Igreja Católica
Incra nos Estados será chefiado por MST, CUT e pastoral
JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sob Luiz Inácio Lula da Silva, o
Incra virou extensão do MST, da
CUT, da ala esquerda do PT e da
corrente progressista da Igreja
Católica. Divulgaram-se na segunda-feira os nomes de 20 superintendentes do Incra. O loteamento de cargos guiou-se por critérios ideológicos.
Mesmo em áreas onde o conflito fundiário é mais denso, o governo fez opção por um dos lados:
o dos movimentos sociais. No Pará, por exemplo, o superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária) será José Roberto Oliveira Faro, presidente regional da
Central Única dos Trabalhadores.
Em São Paulo, o Incra será chefiado por Raimundo Pires da Silva. É ex-assessor da Concrab
(Confederação das Cooperativas
de Reforma Agrária do Brasil),
braços do MST. A indicação foi
uma vitória da ala do MST liderada por Gilmar Mauro, que se contrapõe à liderança de José Rainha
Jr. no Pontal do Paranapanema.
Em Pernambuco, foi nomeado
João Farias de Paula Jr., ex-assessor do MST. Foi apadrinhado, entre outros, por Jaime Amorim, influente e polêmico líder do MST.
No Incra do Paraná, acomodou-se Celso Lisboa de Lacerda.
Prestou assessoria a cooperativas
controladas pelo MST. Encontrará na superintendência dados levantados em inquéritos da PF sobre suspeitas de desvio de verba.
Chama-se Júlio Cezar Ramalho
Ramos o comandante do Incra na
Paraíba. Sob FHC, foi exonerado
do mesmo posto. Advogado,
prestou serviços a sindicatos e federações de trabalhadores rurais.
O Incra gaúcho foi confiado a
César Fernando Schiavon Andrighi. Trabalhou na Secretaria da
Agricultura e Abastecimento do
governo petista de Olívio Dutra.
Antes, foi supervisor do projeto
Lumiar, extinto sob FHC. Constatou-se em sindicância que parte
dos técnicos do projeto, em vez de
assessorar os assentados, coletavam dinheiro para o MST.
Em Tocantins, entregou-se o
Incra a José Cardoso, secretário
regional de política do PT. Em
Minas, a Marcos Helênio Leoni
Pena, duas vezes deputado estadual pelo PT. No Amazonas, a
João Pedro Gonçalves da Costa,
presidente do diretório estadual.
No Ceará, o gestor será Eduardo
Martins Barbosa. Apadrinhou-o
o movimento sindical de trabalhadores rurais. Em Sergipe, o sindicalismo dos servidores do Incra
emplacou Carlos Antônio de Siqueira Fontenele. No Rio Grande
do Norte, nomeou-se Cesar José
de Oliveira, assessor técnico da
Associação de Apoio às Comunidades do Campo.
Dois nomeados têm perfis tidos
como ponderados: José Angelino
Barbosa, do DF, um técnico da
Conab; e Olavo Nienow, de Rondônia, especialista em agricultura
familiar e consultor da ONU.
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