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Tucanos negam irregularidade e atacam PT
Dirigentes do PSDB afirmam que explicações foram dadas ao fisco e atribuem "vazamento" de informações da Receita a petistas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), o secretário de Organização do partido, Eduardo Jorge, e o ex-secretário-geral da legenda Márcio Fortes afirmaram que não
houve irregularidade na campanha de 2002 e insinuaram
que o PT está por trás do vazamento de informações da auditoria realizada pela Receita Federal nas contas do PSDB.
Eduardo Jorge afirmou "não
ter dúvidas" de que se trata de
uma tática do PT para desviar o
foco do escândalo dos cartões
corporativos do governo. "Quer
dizer que o PT está tentando
mudar o PSDB na CPI dos cartões vazando o relatório da Receita?", afirmou.
Os três declararam que as explicações já foram dadas pelo
PSDB ao fisco e que não há irregularidade cometida pelo partido. Eduardo Jorge disse que o
relatório dos auditores contém
"afirmações mentirosas" e que
"a Receita sabe disso".
"É uma coisa muito estranha", disse Guerra, referindo-se ao vazamento dos relatórios
sobre o PSDB.
Fortes disse que dois dos
cheques emitidos pelo PSDB
foram depositados em sua conta porque ele tinha "que operar
essa questão". Os cheques eram
nominais à Marka Serviços de
Engenharia, empresa de Fortes
que havia sido desativada em
janeiro de 1996. "As explicações já foram dadas, o serviço
foi feito, não tem nenhum problema." Segundo ele, a empresa
elaborou um estudo ao PSDB
sobre a situação da malha rodoviária do país e também serviços para montagem de palanques na campanha de 2002.
Ele disse que a empresa voltou a funcionar, que regularizou sua situação, recolheu os
impostos devidos anteriormente, mas admitiu que isso só
foi feito após o PSDB ter sido
notificado pelo fisco.
O PSDB ressaltou que Fortes
doou à sigla (R$ 382,5 mil entre
2000 e 2002) valores maiores
que os depósitos em sua conta.
Por meio de sua assessoria, o
governador de São Paulo, José
Serra, informou que não iria se
pronunciar sobre o caso, alegando tratar-se de assunto de
campanha, de responsabilidade da direção do PSDB.
Segundo os advogados do
PSDB, a delegacia da Receita
aceitou as seguintes explicações dadas pelo partido:
1) Casablanca: os serviços foram efetivamente prestados
pela empresa, e os pagamentos
realizados pelo PSDB foram reconhecidos. Eventual fraude
fiscal ou sonegação de imposto
são responsabilidade da empresa, e não do partido;
2) Aconchegante Editora e
Eventos: exatamente a mesma
situação da Casablanca;
3) Gold Stone Publicidade e
Propaganda: a empresa emitiu
para o PSDB quatro notas fiscais, no valor de R$ 276 mil. O
partido comprovou o pagamento referente a duas notas.
Sobre outras duas, no valor somado de R$ 108 mil, a delegacia
da Receita não reconheceu o
pagamento. Também não reconheceu a idoneidade da empresa para a emissão das notas
nem a prestação de serviços.
Eduardo Jorge acrescentou
que a Receita autuou a empresa
e que seus dirigentes estão se
defendendo no caso;
4) Marka Serviços de Engenharia: a Receita reconheceu
haver fortes indícios de que os
serviços foram prestados, admitiu que os pagamentos à empresa foram feitos pelo PSDB,
mas não reconheceu a idoneidade para a emissão de notas
nem a legalidade do depósito de
um dos cheques emitidos pelo
partido na conta de uma funcionária. No recurso à Delegacia de Julgamento da Receita
de Brasília, contra a suspensão
da imunidade tributária, os advogados da sigla argumentam
que não há ilegalidade em uma
empresa baixada emitir notas.
A Folha não conseguiu localizar os representantes da Casablanca, da Gold Stone nem
da Aconchegante Editora.
(LEONARDO SOUZA)
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