São Paulo, quinta, 19 de fevereiro de 1998

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Especialista faz críticas à transparência do modelo

ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local

O modelo de privatização da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), baseado na divisão da empresa em subsidiárias, é prejudicial aos acionistas minoritários, ambicioso e não transparente.
Essa é a opinião de Cecilia Tam, economista do banco de investimentos Dresdner Kleinwort Benson, de Londres (Inglaterra).
Para ela, a decepção do mercado com o edital de venda da Elektro, subsidiária de distribuição da Cesp, pode adiar para 1999 a conclusão da privatização da empresa, prevista para julho deste ano.
Cecilia Tam, autora de relatórios de pesquisa sobre o setor de energia no Brasil, disse que o governo de São Paulo terá de mudar o modelo de venda da Cesp para recuperar a confiança dos investidores em seu programa de privatização.
A seguir, trechos da entrevista:

Folha - Por que tanta controvérsia com a privatização da Cesp?
Cecilia Tam -
O problema é que os investidores esperavam ser tratados da mesma maneira que nas privatizações do sistema Eletrobrás e, futuramente, da Eletropaulo, significando que os acionistas minoritários receberiam, sem precisar comprar, ações da Elektro e que o dinheiro da venda seria usado para abater dívidas da Cesp.
Folha - Quais as implicações para o programa de privatização?
Cecilia -
Vai atrasar o cronograma de privatização das quatro geradoras da Cesp.
Folha - Por quê?
Cecilia -
A meta de vender quatro geradoras de energia em cerca de quatro meses já era ambiciosa. Agora, com todo esse barulho em torno da Elektro, o governo paulista terá de reconsiderar a modelagem e os prazos para a venda das geradoras.
Folha - Dá para vender até julho?
Cecilia -
Há ainda a decisão de como repartir a dívida da Cesp entre as geradoras. Além disso, será difícil vender tantas empresas geradoras -além de Cesp, Eletrosul e Furnas, com uma capacidade instalada de 22 mil megawatts- entre maio e julho. Com as eleições de outubro, o mercado aceita que julho é a data limite para privatizações este ano.
Folha - As ações da Cesp continuarão a cair?
Cecilia -
Há pouco espaço para caírem ainda mais.



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