São Paulo, domingo, 19 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INVESTIGAÇÃO

Grampo flagra 2 deputados negociando propina, diz PF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), encaminhou à Corregedoria da Casa na última quinta-feira o inquérito da Polícia Federal no qual os deputados B. Sá (PSB-PI) e Domiciano Cabral (PSDB-PB) foram flagrados em escuta telefônica negociando suposta propina com as empreiteiras OAS e Cojuda.
Publicada na edição da revista "Veja" desta semana, a denúncia traz trechos de gravações em que Sá "é instruído a dirigir a uma sala comercial em Brasília, para receber "15'", que seriam R$ 15 mil, na interpretação da PF.
A comissão gira em torno da construção da barragem de Poço de Marruá, no sul do Estado do Piauí, para a qual Sá apresentou emendas ao Orçamento.
Segundo a revista "Veja", "as investigações sobre o Poço de Marruá podem resvalar no ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes". As razões: Ciro teria liberado verbas para a OAS e comandado a apresentação de emendas de B. Sá em favor da obra.
Quanto a Cabral, a reportagem da revista afirma que ele sugeriu ao dono da Cojuda, Julião Medeiros, que também é seu sogro, buscar negócios no âmbito do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) porque haveria "muito dinheiro" na repartição.
Em suas conversas, Medeiros diz que o Dnit lhe deve R$ 2 milhões, "e promete uma "bolada" ao genro se ele convencer o ministro [Alfredo Nascimento, dos Transportes] a lhe pagar".

Contundentes
O presidente da Câmara recebeu os documentos relativos à investigação da Polícia Federal no início da semana passada. Leu, encaminhou à assessoria jurídica da Casa e depois repassou o caso ao corregedor, deputado Ciro Nogueira (PP-PI).
A Folha apurou que Rebelo achou bastante contundentes os dados que o inquérito policial reuniu contra os parlamentares.
Caberá ao corregedor designar um relator para o processo no âmbito da Corregedoria. Esse deputado terá 30 dias para decidir se denuncia ou não os colegas investigados à Mesa da Câmara por quebra do decoro parlamentar.
A depender da decisão da Mesa, com base no parecer do relator, o caso segue ou não para o Conselho de Ética, foro no qual é decidida uma possível abertura de processo de cassação para mandatos parlamentares.
Em nota à imprensa divulgada ontem, o ministro Ciro Gomes repele "fortemente as insinuações caluniosas", afirma que a revista mente ao incluir seu nome na reportagem e diz que a "Veja" nunca lhe perguntou nada acerca da denúncia que envolve os dois parlamentares.
Na nota, o ministro também acusa a revista de ter abandonado o jornalismo "de forma inequívoca" para se misturar "à politicagem rasteira que infesta a vida nacional". A Folha não conseguiu localizar B. Sá, Domiciano Cabral nem o ministro dos Transportes.


Texto Anterior: Janio de Freitas: A caverna de Brasília
Próximo Texto: Eleições 2006/Datafolha: Aprovação ao Congresso volta a cair, diz pesquisa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.