São Paulo, sexta-feira, 19 de março de 2010

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Presidente nega que candidata seja estatizante

Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa em encontro empresarial em Amã, na Jordânia

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A AMÃ

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva antecipou ontem a mais de 500 empresários jordanianos, brasileiros e iraquianos que um eventual futuro governo Dilma Rousseff (PT) não será estatizante.
O presidente retomara a tese, habitual em seus discursos, de que a crise internacional tornara patente a necessidade de revigorar o papel do Estado, mas deixou claro de que Estado se trata: "Não é o Estado gerenciador, o Estado estatista [sic], o Estado empresarial, mas o Estado indutor e fiscalizador".
Lula lembrou que haverá eleições no Brasil, dia 3 de outubro, e que seu último dia no governo será 31 de dezembro "até a meia-noite", para acrescentar "duas coisas que fizemos e de que não iremos abrir mão", duas que, depois, se tornaram quatro, a saber: a estabilidade da economia, o controle da inflação, os investimentos públicos e a distribuição de renda para as pessoas mais pobres.
Segundo o presidente, são "quatro condições sem as quais nenhum país dará certo. Essa lição aprendemos no Brasil".

Dilma e o empresariado
Ao negar intenções estatizantes em Dilma, sua candidata, o presidente parece estar respondendo à inquietação de setores do empresariado que a Folha recolheu nos três seminários empresariais realizados desde segunda-feira em Israel, Palestina e agora Jordânia.
A dúvida manifestada em conversas informais era se Dilma manteria a política econômica adotada no governo Lula, com a qual o empresariado se sente bastante confortável, ou se seria mais intervencionista.
Dúvida semelhante a Folha ouvira em janeiro da boca de Charles Dallara, o diretor-executivo do Instituto de Finanças Internacionais, conglomerado que reúne os grandes bancos globais. Ele dizia que "Dilma era uma incógnita".
Em Amã, um dos mais importantes empresários brasileiros, que prefere, como é óbvio, não ter o nome divulgado, chegou a perguntar se não seria o caso de Dilma lançar sua própria "Carta ao Povo Brasileiro", o documento que Lula assinou na campanha de 2002, comprometendo-se com a ortodoxia na política econômica.
A pergunta foi feita antes da exposição de Lula. O preâmbulo dessa eventual carta veio no discurso presidencial.


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