MAURÍCIO SIMIONATO
EDITOR-ASSISTENTE DA FOLHA CAMPINAS

Os peritos da Unicamp constataram que existe a possibilidade de adulteração dos votos do painel eletrônico do Senado Federal.
Eles chegaram a essa conclusão após analisarem o sistema de votação do Senado. Eles encontraram indícios de que houve violação de sigilo na votação que cassou o senador Luiz Estevão (PMDB-DF), no dia 28 de junho passado.
""Nós descobrimos que há possibilidade de mudança dos votos no painel", disse o professor Álvaro Penteado Crósta, coordenador da comissão de peritos que analisou o painel do Senado.
Para os peritos, qualquer pessoa que possua a senha da operação do sistema pode alterar os dados da votação.
O laudo da Unicamp constatou a existência de pontos, como a permanência de arquivos temporários, que registram como votou cada senador. Esse arquivo pode ser acessado por qualquer pessoa.
A comissão identificou 18 pontos de violabilidade do sistema.
Todas as votações realizadas no Senado apresentam a forma como cada senador votou, com exceção daquelas secretas em que são registradas a letra "X" em cima das opções de voto "S" (sim), "N" (não) ou "A" (abstenção).
A votação da cassação do senador Luiz Estevão foi secreta. No dia 28 de junho, o programa foi alterado para não apagar o voto dos senadores, segundo o laudo.
""Alguém teve acesso ao sistema e, deliberadamente, alterou os arquivos", afirmou Crósta.
De acordo com ele, nesse trecho do programa não era possível alterar a votação.
Ele simplesmente suprimiu a qualidade de voto do senador (a forma como votaram).
""Foi uma forma óbvia de adulteração. Houve tentativa de esconder essa adulteração feita por uma pessoa técnica, mas que não levou em consideração a possibilidade de se recuperar arquivos apagados nos discos rígidos", disse o professor da Unicamp Marco Aurélio Amaral Henriques.
De acordo com os peritos, está descartada a possibilidade de ter ocorrido um erro no sistema e está claro que o painel foi alterado no dia 28 e novamente modificado no dia 30 para voltar a ser como era originalmente.
Segundo ele, há várias formas para se fazer a adulteração que não deixariam traços.
""Foi como o ladrão tivesse arrombado a janela para entrar na casa, sem perceber que a porta estava aberta", disse Crósta.


Texto Anterior: Ex-diretora do Prodasen vai depor hoje
Próximo Texto: Conselho tem 30 dias de prazo
Índice